sábado, 16 de março de 2019

Seja feliz




Pense num lugar onde sua paz, sua felicidade, sua saúde e seu equilíbrio possam ser satisfeitos independente de condições externas.
Pense que isso é possível, sem que tenha que sair de onde está.
Isso é um sonho.
Mas um sonho possível e realizável.
Sua realização depende de como você pensa, sente e percebe as coisas a sua volta.
A realidade que sua vida é hoje, foi por você criada.
Você se impôs a aceitar a vida desta forma que vive.
Você mesmo acredita que o mundo seja assim.
É verdade que você possui limites e dificuldades.
Mas uma mudança é possível e você poderá fazê-la.
Alguns passos são necessários.
Pense que isso poderá levar algum tempo e dependerá de uma certa disciplina, isto é, de determinação e persistência para alcançar seus objetivos.

Os passos a que me refiro você encontrará nos capítulos adiante.
 Não há receita padrão nem tampouco um modelo infalível.
 Talvez, no decorrer da leitura, você descubra o seu próprio.
 Persista.
 Não perca a oportunidade de levar adiante seu projeto pessoal de ser feliz.
É claro que você já pensou que tem direito à felicidade e que ela lhe faria muito bem.

Às vezes você mesmo se pergunta por que ela não chega à sua vida, já que outras pessoas, as quais você considera que tem muito, recebem mais ainda.
Algumas delas você acha que não merecem.

Sua lógica tem feito com que você não entenda bem quais os critérios da Vida para com você.
 Talvez o problema seja de enfoque e de limites que você mesmo tem se imposto.

 É lógico que você tem direito.
 Você apenas não tem sabido como conseguir fazer prevalecer esse direito.
Todos sabem que a felicidade é um estado de espírito, porém como instalá-lo internamente é que tem sido o grande problema.

As receitas para isso são muitas e certamente que eficazes.
Porém cada pessoa merece uma receita própria, uma estratégia e um percurso próprios. A sua, talvez ninguém, nem você mesmo, tenha descoberto.
A receita para você é sua e esse é seu desafio.

 Descobrir, dentre aquelas que mais lhe agradam qual a que, depois de adaptada, lhe servirá como guia, é com o que você deve se preocupar.
É importante, e nunca esqueça isto: você não deve se culpar.
Não deixe que o complexo de culpa se instale em você.

É claro que, embora não deva se sentir culpado, você arcará com as consequências de seus atos.
 Considere que seu grande equívoco tem sido a própria ignorância, isto é, você não é feliz porque ainda não sabe ao certo como as coisas funcionam na Vida.

 As regras que você tem seguido não lhe têm garantido o sucesso desejado.
É preciso conhecer as ‘regras da Vida’ e como elas funcionam no seu caso, pois, embora sejam as mesmas para todos, elas funcionam de acordo com o nível de evolução de cada um.

A Vida não possui regras nem normas rígidas, muito embora o Universo tenha suas próprias leis. Nós criamos regras a fim de educar a liberdade a nós outorgada por Deus. Somos seres naturalmente livres, porém gradativamente nos condicionamos a determinados limites a fim de entendermos a nós mesmos. Com a evolução espiritual, os poucos retiramos os grilhões que adotamos ao longo da Vida.

Portanto, não se sinta culpado, mas tão somente alguém ignorante que busca aprender o que antes não sabia.
A culpa mancha sua felicidade e a consciência de sua própria ignorância é o começo de sua ventura. Saber ‘ler’ os sinais que a vida tem lhe dado é fundamental.
Busque sempre interpretar o simbolismo contido em cada ocorrência que lhe afeta.

Procure se perguntar o que a vida quer lhe ensinar quando ocorre algo com você que foge ao seu controle e àquilo que você considera plenamente explicável.

 Uma explicação plausível, que revele o sentido da ocasião vivida, pode ser o remédio para nossa angústia.

Lembre-se também que felicidade não é apenas doar-se, mas também ensinar a fazer, a realizar, a conhecer, a ajudar que o outro acredite em si mesmo.
Além disso você deve:
fazer-se, realizar-se, conhecer-se, investir em você mesmo e acreditar em si próprio.
Definitivamente não se sinta culpado pelo que você fez ou acha que tenha feito.
Não se culpe nem sofra por antecipação.

O ocorrido certamente tem consequências, mas não pense que serão como você imagina.
Não pense em punição, sofrimento ou dor.
Calma.
Pense em responsabilidade e possibilidade de atravessar a resultante de suas ações com tranquilidade.
O Universo não funciona como você imagina.
Ele costuma se colocar a serviço do nosso propósito de crescimento.
 Aja com esse espírito e ele conspirará a seu favor.
 Você acredita que será punido e isso é o começo de seu sofrimento.
Pense que você será ensinado pelo Universo a resolver as situações geradas pela sua ignorância quanto ao funcionamento do mesmo.

Nem você nem ninguém é feliz o bastante.
 A felicidade é um estado impermanente.
É a busca de algo, de um encontro, de um sentido maior.

Por isso que sua insatisfação com a vida ou com coisas menores deve ser entendida como algo inerente à existência de qualquer ser humano e não como infelicidade.

Há coisas que só ocorrem com um certo tempo e com a necessária experiência.
 Não tente antecipar tudo, pois isso gera ansiedade, a qual traz infelicidade.
 Viva cada momento como se fosse o último e, simultaneamente, o primeiro.

É preciso que você crie outro conceito de felicidade.
Aquele que você construiu da infância até a adolescência não lhe serve mais.
Os mitos infantis de felicidade são utopias.
A cultura, o meio familiar e a educação escolar nos ensinam certo modelo de felicidade o qual está impregnado em nós.

Eles são de tal forma equivocados que não nos permitem alcançá-la.
A felicidade não é ter, tampouco é ser.

São opostos e precisam de conciliação.
O ter e o ser, quando se integram, geram a sabedoria de saber ter e de saber não ter.

Quando se tem, deve-se aprender a ter com sabedoria sem ser possuído pelo que se tem. Mesmo tendo algo, se pode buscar mais, com a firme convicção da importância de se gerar prosperidade pessoal e coletiva com aquilo que se obtém.
Quando não se tem, deve-se não só buscar ter para aprender a ter, como também aprender a viver sem ter.

Outra questão importante é sua escala de valores.
 Ela pode ser um instrumento para sua felicidade. Suas qualidades inferiores decorrem muitas vezes da dificuldade em se enquadrar a um sistema de valores muito exigente.

Exija de você o que você pode dar.
Quando você não se sentir bem com você mesmo, atribuindo-se uma qualidade inferior, considerando-se alguém de índole ruim, certamente você
estará se comparando a um sistema de valores superior.
É possível que nesses momentos você não se sinta bem.
Procure elevar-se ao nível dos valores que você considere superior.

Caso você não o consiga, reveja seu sistema de valores e troque ideias com alguém para que você se adapte ao que é possível alcançar em sua vida.
 Nunca desista de alcançar um nível melhor que o atual.
Seus valores e crenças, embora lhe permitam segurança e equilíbrio, podem ser suas algemas.

É preciso revê-los a cada ciclo de sua vida, para que se transformem em guias.
Pense que eles devem ser instrumentos para que você se sinta bem com você mesmo e com o próximo.

Sua felicidade pode ser prejudicada pela imensa necessidade que você sente em falar, em expressar algo, em fazer coisas, em resumo, em estar sempre colocando para fora ideias e emoções que lhe incomodam.

É importante que você o faça, mas é preciso ter em mente que há um limite para isso, pois esse hábito pode se tornar um padrão psíquico de difícil mudança.

Quando isso ocorrer, é preciso aprender a fazer silêncio; mas silêncio produtivo, isto é: aquele que vai lhe permitir não pensar nos conflitos, estabelecer metas que a eles não estejam relacionadas e redirecionar a necessidade de expressão.
Faça silêncio e não pense em tudo de uma só vez.
Escute o que a Vida quer ensinar em cada momento de sua existência.

A felicidade combina uma certa satisfação material com o equilíbrio emocional, aliados ao encontro com a própria espiritualidade.
 Quando esses fatores se encontram, a pessoa consegue se iluminar interiormente.
A satisfação material nem sempre ocorre na proporção que se deseja nem na
intensidade que se quer.
 Muitas vezes ela é apenas um detalhe.

O equilíbrio emocional é fundamental.
Sem ele não se consegue jamais a felicidade.
A espiritualidade é uma ferramenta importante, pois permite ao ser humano transcender a sua condição material, permitindo que ele se perceba um espírito em evolução.
A iluminação interior ocorre na medida que você identifica nos outros pessoas como você, dignas de respeito, de amor e semelhantes a você mesmo.

A felicidade é uma arte que você precisa desenvolver.
O exercício se dará através de lições diárias e, às vezes, difíceis, porém suportáveis a todos.

Não pense que você está sozinho ou que goza de alguma exclusividade.
 Todos estão no mesmo rumo.
 Alguns perdidos, outros iludidos, mas existem aqueles que já encontraram a rota certa. Coloque-se entre esses últimos ao afirmar seu desejo sincero de viver em paz, proporcionando a paz.

Por outro lado é preciso aprender a estar conectado ao próprio coração.
Essa conexão possibilita não apenas estar atento às próprias emoções, mas principalmente às sutis vibrações do amor que pulsa interiormente em você.

Perceba-as nos grandes momentos em que você se sentiu muito feliz.
Nada pode ser melhor que a felicidade sem culpa e sem medo.

Esse estado de espírito que todos desejam alcançar é possível se você estiver conectado ao seu coração.
 Essa conexão deverá ser favorecida com o uso da razão, pois permitirá à consciência a atenção necessária aos valores contidos em seus sentimentos.
 Procure vibrar com a vida e com seu ritmo.

A luz da sua alma não pode ser ofuscada pela consciência culpada.
Por detrás da máscara que o mundo lhe ajudou a forjar existe a face luminosa do seu ser, ofertada por Deus.
 Saia da sombra escura em que você se coloca diariamente e se exponha à luz, para que vejam a claridade interior do diamante que existe em seu mundo interno.

A sua deve ser a estrada de luz, pois suas pegadas possuem a energia do amor de Deus.
Culpar-se é adiar a possibilidade de ser feliz, é não aprender com os próprios equívocos.

Ninguém é pior ou melhor que outra pessoa, pois todos temos a mesma paternidade divina.


Não chore a lágrima da culpa pelo equívoco que você cometeu.
Derrame-a quando perceber a misericórdia divina a conceder a ventura de realizar os meios para reparar seus equívocos e alcançar a felicidade.

 Quando descobrir que a culpa não levará a resolver seus conflitos, será o início do seu processo de libertação a caminho da felicidade.

Ao iniciar, coloque-se no lugar mais alto de sua consciência e compartilhe sua vida com os outros.

Mostre-se sem culpa e perdoe aqueles aos quais você atribuiu pelos seus sofrimentos.
 Em algum momento de sua vida torne possível poder contá-la, de tal forma que se possa perceber a existência de um marco o qual determinou sua mudança.

 A partir de tal marco você renasceu, sendo uma nova pessoa, sem culpas e confiante em seu futuro.

Após esse marco você descobriu que sua vida lhe pertence e a Deus.

Caminhe sem medo, sem amarras, sem vaidades e sem culpa.
Dê lugar ao coração, principalmente se a razão se encontrar confusa.
Continue sua busca pessoal por uma personalidade mais agradável e equilibrada.

Nada pode ser maior que você, nem tampouco inferior a sua vida.
 Você é muito mais do que imagina e tem uma destinação iluminada.

Cultive o pensamento flexível, que admite sempre a possibilidade de as coisas serem diferentes do que você acha.

A rigidez mental promove as doenças e impede o encontro com o si mesmo.
Ser feliz é ser maleável aos convites que a vida nos faz ao amor.
 O segredo para a felicidade é a tolerância para consigo mesmo e a consciência das próprias limitações.
*******************
Adenáuer Novaes 





MENSAGEM DO ESE:

Maneira de orar

O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever? 
A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até àquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contacto com eles, mais força e perseverança. Deve ela subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porquanto é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor.
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como o fazem muitos: “Não vale a pena orar, porquanto Deus não me atende.” Que é o que, na maioria dos casos, pedis a Deus? Já vos tendes lembrado de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes o tendes feito. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos e haveis com freqüência exclamado: “Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não se verificariam tantas injustiças.” Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre depararíeis, em vós mesmos, com o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, que vos possais melhorar e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós. 
Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles. Não é ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade, moral ou física? Não é ato de reconhecimento o elevardes a ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade apenas vos roça a alma, desde que vos não esqueçais de exclamar: Sede bendito, meu Pai?! Não é ato de contrição o vos humilhardes diante do supremo Juiz, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, pois pequei (por orgulho, por egoísmo, ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?!
Isso independe das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados. Como o vedes, a prece pode ser de todos os instantes, sem nenhuma interrupção acarretar aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais apenas maquinalmente vos chama a hora convencional. — Monod. (Bordéus, 1862.)



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, item 22.)

sexta-feira, 15 de março de 2019

NÓS E CÉSAR


“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”
 – (Marcos, 12:17.)

Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal.

Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas.

Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas.

De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais.

É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence.

O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações.

Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas.

Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época.

Há decretos iníquos?

Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material.

Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio.

Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e nós somos filhos do mesmo Deus.
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EMMANUEL
(do livro “Pão Nosso” – psic. Chico Xavier)

 


MENSAGEM DO ESE:

A cólera

O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? — Entregais-vos à cólera.

Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.

Em seu frenesi, o homem colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque lhe não obedecem. Ah! se nesses momentos pudesse ele observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si próprio, ou bem ridículo se acharia! Imagine ele por aí que impressão produzirá nos outros. Quando não fosse pelo respeito que deve a si mesmo, cumpria-lhe esforçar-se por vencer um pendor que o torna objeto de piedade.

Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração, sobretudo, devera contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida! 

Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o homem a esforçar-se pela dominar. O espírita, ao demais, é concitado a isso por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs.

 — Um Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IX, item 9.)



quinta-feira, 14 de março de 2019

NÃO TE IMPACIENTES




A Paternidade Divina é amor e justiça para todas as criaturas. 

Quando os problemas do mundo te afogueiam a alma, não abras o coração à impaciência, que ela é capaz de arruinar-te a confiança.

Quantos perderam as melhores oportunidades da reencarnação, unicamente por se haverem abraçado com o desespero!

A impaciência é comparável à força negativa que, muitas vezes, inclina o enfermo para a morte, justamente no dia em que o organismo entra em recuperação para a cura.

Se queres o fruto, não despetales a flor.

Nas situações embaraçosas, medita caridosamente nos empeços que lhe deram origem! 

Se um irmão faltou ao dever, reflete nas dificuldades que se interpuseram entre ele os compromissos
assumidos. Se alguém te nega um favor, não te acolhas a desânimo ou frustração, de vez que, enquanto não chegarmos ao plano da Luz Divina, nem sempre nos será possível conhecer, de
antemão, tudo o de bom ou de mal que poderá sobrevir daquilo que nós pedimos. Não te irrites
diante de qualquer obstáculo, porquanto reclamações ou censuras servirão, apenas para torná-los
maiores.

Quase sempre a longa expectativa, em torno de certas concessões que disputamos, não é senão
o amadurecimento do assunto para que não falhem minudências importantes.

Não queremos dizer que será mais justo te acomodes à inércia. Desejamos asseverar que
impaciência é precipitação e precipitação redunda em violência.

Para muitos, a serenidade é a preguiça vestida de belas palavras. Os que vivem, porém,
acordados para as responsabilidades que lhes são próprias sabem que paciência é esperança operosa: recebem obstáculos por ocasiões de trabalho e provações por ensinamentos.

Aguarda o melhor da vida, oferecendo à vida o melhor que puderes.

O lavrador fiel ao serviço espera a colheita, zelando a plantação.

A casa nasce dos alicerces, mas, para completar-se pede atividades e esforços de acabamento. 

Não te irrites.

Quem trabalha pode contar com o tempo. Se a crise sobrevém na obra a que te consagras, pede a Deus, não apenas te abençoe a realização em andamento, mas também a força precisa para que saibas compreender e servir, suportar e esperar. 
**********************
Emmanuel 
Chico Xavier
Obra: Caminho espírita 



MENSAGEM DO ESE: 

Indissolubilidade do casamento

Também os fariseus vieram ter com ele para o tentarem e lhe disseram: Será permitido a um homem despedir sua mulher, por qualquer motivo? Ele respondeu: Não lestes que aquele que criou o homem desde o princípio os criou macho e fêmea e disse: Por esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher e não farão os dois senão uma só carne? — Assim, já não serão duas, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus juntou.

Mas, por que então, retrucaram eles, ordenava Moisés que o marido desse à sua mulher um escrito de separação e a despedisse? — Jesus respondeu: Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres; mas, no começo, não foi assim. — Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério. 
(S. MATEUS, cap. XIX, vv. 3 a 9.)

Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança. As leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas, as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no inundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam, com o tempo, sofrido mudanças. Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim é, por exemplo, que, em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último casamento basta.

Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais. Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.

Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor. Ao dizer Deus: “Não sereis senão uma só carne”, e quando Jesus disse: “Não separeis o que Deus uniu”, essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.

Será então supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza? Não, decerto. A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso, é útil, necessária, mas variável. Deve ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente se opõe a que ela seja um corolário da lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam dos prejuízos e não da lei civil. Esses prejuízos, se bem ainda vivazes, já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos; desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais. Um dia perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, itens 1 a 4.)



quarta-feira, 13 de março de 2019

HÁ MUITA DIFERENÇA




“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.” – (Atos, 3:6.)

É justo recomendar muito cuidado aos que se interessam pelas vantagens da política humana, reportando-se a Jesus e tentando explicar, pelo Evangelho, certos absurdos em matéria de teorias sociais.

Quase sempre, a lei humana se dirige ao governado, nesta fórmula: – “O que tens me pertence.”

O Cristianismo, porém, pela boca inspirada de Pedro, assevera aos ouvidos do próximo:

– “O que tenho, isso te dou.”

Já meditaste na grandeza do mundo, quando os homens estiverem resolvidos a dar do que possuem para o edifício da evolução universal?

Nos serviços da caridade comum, nas instituições de benemerência pública, raramente a criatura cede ao semelhante aquilo que lhe constitui propriedade intrínseca.

Para o serviço real do bem eterno, fiar-se-á alguém nas posses perecíveis da Terra, em caráter absoluto?

O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados do seu caminho, entretanto, não fixará em si mesmo a luz e a alegria que nascem dessas dádivas, se as não realizou com o sentimento do amor, que, no fundo, é a sua riqueza imperecível e legítima.

Cada individualidade traz consigo as qualidades nobres que já conquistou e com que pode avançar sempre, no terreno das aquisições espirituais de ordem superior.

Não olvides a palavra amorosa de Pedro e dá de ti mesmo, no esforço de salvação, porquanto quem espera pelo ouro ou pela prata, a fim de contribuir nas boas obras, em verdade ainda se encontra distante da possibilidade de ajudar a si próprio.
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EMMANUEL
(do livro “Pão Nosso” – psic. Chico Xavier)




MENSAGEM DO ESE:

Advento do Espírito de Verdade (IV)

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A abnegação e o devotamento são uma prece continua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. 
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— O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 8.)



terça-feira, 12 de março de 2019

RESISTE À TENTAÇÃO


“Bem-aventurado o homem que sofre a tentação.” – (Tiago, 1:12.)

Enquanto nosso barco espiritual navega nas águas da inferioridade, não podemos aguardar isenção de ásperos conflitos interiores. Mormente na esfera carnal, toda vez que empreendemos a melhoria da alma, utilizando os trabalhos e obstáculos do mundo, devemos esperar a multiplicação das dificuldades que se nos deparam, em pleno caminho do conhecimento iluminativo.

Contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra. Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal.

É por isto que, de permeio com as bênçãos do Alto, sobram na senda dos discípulos as tentações de todos os matizes.

Por vezes, o aprendiz acredita-se preparado a vencer os dragões da animalidade que lhe rondam as portas; todavia, quando menos espera, eis que as sugestões degradantes o espreitam de novo, compelindo-o a porfiada batalha.

Claro, portanto, que nem mesmo a sepultura nos exonera dos atritos com as trevas, cujas raízes se nos alastram na própria organização espiritual. Só a morte da imperfeição em nós livrar-nos-á delas.

Haja, pois, tolerância construtiva em derredor da caminhada humana, porque as insinuações malignas nos cercarão em toda parte, enquanto nos demoramos na realização parcial do bem.

Somente alcançaremos libertação, quando atingirmos plena luz.

Entendendo a transcendência do assunto, o apóstolo proclama bem-aventurado aquele “que sofre a tentação”. Impossível, por agora, qualquer referência ao triunfo absoluto, porque vivemos ainda muito distantes da condição angélica; entretanto, bem-aventurados seremos se bem sofremos esse gênero de lutas, controlando os impulsos do sentimento menos aprimorado e aperfeiçoando-o, pouco a pouco, à custa do esforço próprio, a fim de que não nos entreguemos inermes às sugestões inferiores que procuram converter-nos em vivos instrumentos do mal.
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EMMANUEL
(do livro “Pão Nosso” – psic. Chico Xavier)



MENSAGEM DO ESE:

A caridade material e a caridade moral (II)

Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho? 

Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: “Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz.” Aos velhos que vos disserem: “É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi”, dizei: “Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora.” Às crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: “Deus vos vê, meus caros pequenos”, e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade.

Dizem, outros dentre vós: “Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos.” Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. Às vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido.
Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros.” Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação.

 – Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 10.)



segunda-feira, 11 de março de 2019

Ante a ofensa



Esforce-se para impedir que a ofensa se converta em mágoa. 

Silencie o sucesso infeliz em que se viu envolvido. 

Acautele-se, face aos comentários que lhe tragam os maledicentes e o levianos. 

Reflita maduramente, valorizando o ensejo e retirando proveito da lição que o alcança em forma de sofrimento. 

Se você é inocente, exulte. 

Se é culpado tranquilize-se diante do pagamento. 

Não fique remoendo, mentalmente o acontecido. 

Pense na hipótese de o seu agressor estar enfermo. 

A posição da vítima é sempre melhor.

Enseje ao desafeto oportunidade para a reparação e o retorno. 

Se tudo estiver, aparentemente, contra você, fiscalizado por uns, perseguido por outros, mantenha inalterada sua confiança em Deus, que tudo sabe. 

Desgraça verdadeira é perseguir, inquietar, comprazer-se na dor alheia, envenenar-se com o azedume e a cólera. Perdoando, você estará sempre em paz, podendo auferir mais tarde as vantagens de haver sido enganado, perseguido ou ultrajado, com o espírito livre de outros débitos, de que então se encontrará liberado.
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GOTAS DE PAZ




MENSAGEM DO ESE:

Jesus em casa de Zaqueu

Tendo Jesus entrado em Jericó, passava pela cidade — e havia ali um homem chamado Zaqueu, chefe dos publicanos e muito rico, — o qual, desejoso de ver a Jesus, para conhecê-lo, não o conseguia devido à multidão, por ser ele de estatura muito baixa. — Por isso, correu à frente da turba e subiu a um sicômoro, para o ver, porquanto ele tinha de passar por ali. — Chegando a esse lugar, Jesus dirigiu para o alto o olhar e, vendo-o, disse-lhe: Zaqueu, dá-te pressa em descer, porquanto preciso que me hospedes hoje em tua casa. — Zaqueu desceu imediatamente e o recebeu jubiloso. Vendo isso, todos murmuravam, a dizer: Ele foi hospedar-se em casa de um homem de má vida. 

Entretanto, Zaqueu, pondo-se diante do Senhor, lhe disse: Senhor, dou a metade dos meus bens aos pobres e, se causei dano a alguém, seja no que for, indenizo-o com quatro tantos. Ao que Jesus lhe disse: Esta casa recebeu hoje a salvação, porque também este é filho de Abraão; visto que o Filho do Homem veio para procurar e salvar o que estava perdido.
 (S. LUCAS, cap. XIX, vv. 1 a 10.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 4.)



domingo, 10 de março de 2019

CRUZ E DISCIPLINA




“E constrangeram um certo Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz. – (Marcos, 15:21.)

Muitos estudiosos do Cristianismo combatem as recordações da cruz, alegando que as reminiscências do Calvário constituem indébita cultura de sofrimento.

Asseveram negativa a lembrança do Mestre, nas horas da crucificação, entre malfeitores vulgares.

Somos, porém, daqueles que preferem encarar todos os dias do Cristo por gloriosas jornadas e todos os seus minutos por divinas parcelas de seu ministério sagrado, ante as necessidades da alma humana.

Cada hora da presença dele, entre as criaturas, reveste-se de beleza particular e o instante do madeiro afrontoso está repleto de majestade simbólica.

Vários discípulos tecem comentários extensos, em derredor da cruz do Senhor, e costumam examinar com particularidades teóricas os madeiros imaginários que trazem consigo.

Entretanto, somente haverá tomado a cruz de redenção que lhe compete aquele que já alcançou o poder de negar a si mesmo, de modo a seguir nos passos do Divino Mestre.

Muita gente confunde disciplina com iluminação espiritual. Apenas depois de havermos concordado com o jugo suave de Jesus-Cristo, podemos alçar aos ombros a cruz que nos dotará de asas espirituais para a vida eterna.

Contra os argumentos, quase sempre ociosos, dos que ainda não compreenderam a sublimidade da cruz, vejamos o exemplo do Cireneu, nos momentos culminantes do Salvador. A cruz do Cristo foi a mais bela do mundo, no entanto, o homem que o ajuda não o faz por vontade própria e, sim, atendendo a requisição irresistível. E, ainda hoje, a maioria dos homens aceita as obrigações inerentes ao próprio dever, porque a isso é constrangida.
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EMMANUEL
(do livro “Pão Nosso” – psic. Chico Xavier)






MENSAGEM DO ESE:

Reuniões espíritas


Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas estarei. 
(S. MATEUS, cap. XVIII, v. 20.)

Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam, se encontrarão na assembléia. O Espiritismo nos faz compreender como podem os Espíritos achar-se entre nós. Comparecem com seu corpo fluídico ou espiritual e sob a aparência que nos levaria a reconhecê-los, se se tornassem visíveis. Quanto mais elevados são na hierarquia espiritual, tanto maior é neles o poder de irradiação. É assim que possuem o dom da ubiqüidade e que podem estar simultaneamente em muitos lugares, bastando para isso que enviem a cada um desses lugares um raio de suas mentes.

Dizendo as palavras acima transcritas, quis Jesus revelar o efeito da união e da fraternidade. O que o atrai não é o maior ou menor número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez ou vinte, mas o sentimento de caridade que reciprocamente as anime. 

Ora, para isso, basta que elas sejam duas. Contudo, se essas duas pessoas oram cada uma por seu lado, embora dirigindo-se ambas a Jesus, não há entre elas comunhão de pensamentos, sobretudo se ali não estão sob o influxo de um sentimento de mútua benevolência. Se se olham com prevenção, com ódio, inveja ou ciúme, as correntes fluídicas de seus pensamentos, longe de se conjugarem por um comum impulso de simpatia, repelem-se. Nesse caso, não estarão reunidas em nome de Jesus, que, então, não passa de pretexto para a reunião, não o tendo esta por verdadeiro motivo.
 (Cap. XXVII, nº 9.) 

Isso não significa que ele se mostre surdo ao que lhe diga uma única pessoa; e se ele não disse: “Atenderei a todo aquele que me chamar”, é que, antes de tudo, exige o amor do próximo; e desse amor mais provas podem dar-se quando são muitos os que exoram, com exclusão de todo sentimento pessoal, e não um apenas. Segue-se que, se, numa assembléia numerosa, somente duas ou três pessoas se unem de coração, pelo sentimento de verdadeira caridade, enquanto as outras se isolam e se concentram em pensamentos egoísticos ou mundanos, ele estará com as primeiras e não com as outras. Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância com o espírito de caridade que ele personifica. (Capítulo X, nº 7 e nº 8; cap. XXVII, nº 2 a nº 4.) 

Tal o caráter de que devem revestir-se as reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons Espíritos.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, itens 4 e 5.)