domingo, 25 de junho de 2023

O homem que não se irritava



Existiu um rei, amigo da sabedoria, que, depois de grande trabalho para subjugar a natureza inferior, convidou um filósofo para socorrê-lo no aperfeiçoamento da palavra. 

 Conseguira indiscutível progresso na arte de sublimar-se. Fizera-se portador de primorosa cultura e, tanto no ministério público, quanto na vida privada, caracterizava-se por largos gestos de bondade e inteligência. 

 Fazia quanto lhe era possível para exercer a justiça, segundo os padrões da reta consciência, e demonstrava inexcedível carinho na defesa e proteção do povo, através de reiteradas distribuições de lã e trigo, a fim de que as pessoas menos favorecidas pela fortuna não sofressem frio ou fome. 

 Não sabia acumular tesouros exclusivamente para si e, em razão disso, obedecendo às virtudes sociais de que se fizera o exemplo vivo, instituíra escolas e abrigos e incentivara a indústria e a lavoura, desejando que todos os súditos, ainda os mais humildes, encontrassem acesso à educação e à prosperidade.

 No círculo das manifestações pessoais, contudo, o valoroso monarca se sentia atrasado e hesitante.

Não sabia disfarçar a cólera, não continha a franqueza rude e nem sopitava o mau humor.

 Admirado e querido pelas qualidades sublimes que pudera fixar na personalidade, sofria, no entanto, a mágoa e a desconfiança de muitos que passaram a temer-lhe a frase contundente.

Interessado, porém, na própria melhoria, solicitou ao filósofo que lhe acompanhasse a lide cotidiana.

Quando se descontrolava, caindo nas amargas consequências do verbo impensado, o orientador observava, com humildade:

 — Poderoso senhor, tenha paciência e continue trabalhando no aprimoramento das próprias manifestações. A expressão serena e sábia revela grandeza interior que reclama tempo para ser devidamente consolidada. Quem alcança a ciência de falar, pode conviver com os anjos, porque a palavra é, sem dúvida, a continuação de nós mesmos.

 O monarca não se conformava e, em desespero passivo, confiava-se a rigoroso silêncio, que prejudicava consideravelmente os negócios do reino.

 De semelhante posição vinha roubá-lo o filósofo, advertindo, respeitoso:

— Amado soberano, a extrema quietude pode traduzir traição aos nossos deveres. A pretexto de nos reformarmos espiritualmente, não será lícito desprezar os nossos compromissos com o progresso comum. Fale sempre e não desdenhe agir! O verbo é a projeção do pensamento criador.

 O rei voltava a conversar, beneficiando o extenso domínio que lhe cabia dirigir, mas lá chegava outro momento em que se perdia na indignação excessiva, humilhando e ferindo ministros e vassalos que desejaria ajudar sinceramente.

 Lamentando-se, aflito, vinha o filósofo conselheiral, afirmando, prestimoso:

— Grande soberano, tenha paciência consigo mesmo. O reajustamento da alma não é obra para um dia. Prossiga, esforçando-se. Toda realização pede o concurso abençoado das horas… O rio deixaria de existir sem a congregação das gotas… Guarde calma, muita calma e não desanime…

 O monarca, no entanto, desacoroçoado, depois de regular experimentação com o filósofo, exonerou-o das funções que ocupava e expediu dois emissários às suas províncias extensas para que lhe trouxessem a palácio algum homem incapaz de se irritar.  Pretendia entrar em contato com o espírito mais equilibrado de suas terras, a fim de melhor orientar-se no autoburilamento.

 Os mensageiros iniciaram as investigações, mas impacientavam-se desiludidos. O homem que observavam ponderado na via pública era colérico no lar. Quem se revelava gentil em casa, costumava irar-se na rua. Alguns se mostravam distintos e agradáveis junto da família consanguínea, todavia, eram azedos no trato social. Diversos exibiam formosa máscara de serenidade com os estranhos, no entanto, dirigiam-se aos domésticos com deplorável aspereza.

 Depois de trinta dias de porfiada pesquisa, descobriram, jubilosos, o homem que nunca se exasperava.

Seguiram-no, cuidadosamente, em toda parte.

Nunca falava alto e mantinha silêncio comovedor, no domicílio que lhe era próprio e fora dele.

 Durante quatro semanas foi examinado sob atenção vigilante, não perdendo um til na conduta irrepreensível.

Trabalhava, movimentava-se, alimentava-se e atendia aos menores deveres, imperturbavelmente.

 Apressaram-se os mensageiros em levar a boa-nova ao monarca, e o rei, satisfeito, convocou assessores e áulicos de sua casa para receber a personagem admirável, com a dignidade que lhe era devida.

 O vassalo venturoso foi trazido à real presença, entretanto, quando o soberano lhe dirigiu a palavra, esperando encontrar um anjo num corpo de carne, verificou, sob indefinível assombro, que o homem incapaz de irritar-se era mudo.

Sob o respeito manifesto de todos, o rei sorriu, desapontado, e mandou buscar novamente o filósofo, resignando-se a ter paciência consigo mesmo, a fim de aprender a conquistar-se pouco a pouco.

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Irmão X (Humberto de Campos)
Chico Xavier
Obra: Contos e apólogos

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25 de junho

Procure e encontre a liberdade do Espírito, porque onde existe liberdade verdadeira, existe paz; e onde existe paz, existe amor, e o amor destranca todas as portas.

Onde existe amor não existe crítica, nem condenação, nem julgamento, porque você sabe e entende que tudo está em Mim e no Meu amor.

Você enxerga a família humana que foi criada à Minha imagem e semelhança.

Você vai além da aparência, direto ao âmago da questão, onde não existe separação e tudo se funde em completa unidade.

Você enxerga o melhor em tudo e em todos.

Quando você conquista a perfeita paz interior você não perde mais tempo tentando mudar os outros.

Você simplesmente aprende a ser e, sendo, você cria um sentido de unidade na vida, e a paz e o amor reinarão sobre nós.

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Abrindo Portas Interiores
Eileen Caddy
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Mensagem do ESE:

O que se deve entender por pobres de espírito

Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, v. 3.)

A incredulidade zombou desta máxima:

Bem-aventurados os pobres de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus e não para os orgulhosos.

Os homens de saber e de espírito, no entender do mundo, formam geralmente tão alto conceito de si próprios e da sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de lhes merecer a atenção.

Concentrando sobre si mesmos os seus olhares, eles não os podem elevar até Deus. Essa tendência, de se acreditarem superiores a tudo, muito amiúde os leva a negar aquilo que, estando-lhes acima, os depreciaria, a negar até mesmo a Divindade. Ou, se condescendem em admiti-la, contestam-lhe um dos mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que eles são suficientes para bem governá-lo. Tomando a inteligência que possuem para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem crer na possibilidade do que não compreendem. Consideram sem apelação as sentenças que proferem.

Se se recusam a admitir o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance; é que o orgulho se lhes revolta à idéia de uma coisa acima da qual não possam colocar-se e que os faria descer do pedestal onde se contemplam. Daí o só terem sorrisos de mofa para tudo o que não pertence ao mundo visível e tangível. Eles se atribuem espírito e saber em tão grande cópia, que não podem crer em coisas, segundo pensam, boas apenas para gente simples, tendo por pobres de espírito os que as tomam a sério.

Entretanto, digam o que disserem, forçoso lhes será entrar, como os outros, nesse mundo invisível de que escarnecem. É lá que os olhos se lhes abrirão e eles reconhecerão o erro em que caíram. Deus, porém, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que lhe desconheceu a majestade e outro que humildemente se lhe submeteu às leis, nem os aquinhoar em partes iguais.

Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, itens 1 e 2.)
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O que te impede de ser feliz?


Afasta de ti, desde já, o que impede ou embaraça a tua felicidade.
*
Foge dos vícios, manias, exigências exageradas, nervosismo, ganância, inveja e outras imperfeições.
*
Aproveita a energia que gastas com insignificâncias, aplicando-a em coisas proveitosas.
*
Age com consciência e inspira-te nas belezas da natureza:
no sol do horizonte, na paz da noite estrelada ou no frescor da mata.
*
Deseja, de verdade, a prosperidade, especialmente a interior,
e dedica-te à resolução dos problemas que te impedem de evoluir.
*
Trata bem a felicidade.
*
Ela precisa de teu cuidado e atenção.
*
Os momentos dedicados ao aprimoramento interior são os mais proveitosos da vida.

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Lourival Lopes
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Exercício da Compaixão


Se fosses o pedinte agoniado que estende a mão à bondade pública...

Se fosses a mãezinha infeliz, atormentada pelo choro dos filhinhos que desfalecem de fome...

Se fosses a criança que vagueia desprotegida à margem do lar...

Se fosses o pai de família, atribulado, ante a doença e penúria que lhe devastam a casa...

Se fosses o enfermo desamparado, suplicando remédio...

Se fosses a criatura caída em desvalimento, implorando compreensão...

Se fosses o obsidiado, carregando inomináveis suplícios interiores, para desvencilhar-se das trevas...

Se fosses o velhinho atirado às incertezas da rua...

Se fosses o necessitado que te roga socorro, decerto perceberias com mais segurança a função da fraternidade para sustento da vida.

Se estivéssemos no lado da dificuldade maior que a nossa, compreenderíamos, de imediato, o imperativo da caridade incessante e do auxílio mútuo.

Reflitamos nisso.

E nós, que nos afeiçoamos a estudos diversos, com vistas à edificação da felicidade e ao aperfeiçoamento do mundo, façamos quanto possível, semelhante exercício de compaixão.

🌷🌱🌷
Albino Teixeira
Chico Xavier
Obra: Caminho espírita
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Não te seriam difíceis


Não te seriam difíceis o respeito para com os teus semelhantes;

o cumprimento de tuas obrigações;

a prática espontânea do bem;

o apoio àqueles que peregrinam ao teu lado;

o sorriso de esperança aos tristes e oprimidos;

a palavra de incentivo às boas obras;

a honestidade em tuas atitudes;

a fidelidade aos teus compromissos de ordem sentimental;

a compreensão das faltas alheias...

Todavia, porque preferes viver complicando a existência, na omissão deliberada ao dever e fugindo ao que te exigiria apenas o mínimo de sensatez, com espantosa facilidade te defrontas com as mais complicadas situações de sofrimento na Vida.

🌷🌱🌷
Irmão José
Carlos Baccelli
Obra: Vigiai e orai
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