sábado, 4 de fevereiro de 2017

Mandato Pessoal


Não precisa você perguntar pelos desígnios da vida a seu respeito. O que temos a fazer está perto, quando o dia retorna. Seu posto - seu compromisso.

O dever chega traçado pelas circunstâncias. Ninguém necessita espiar longe para descobrir o mandato de que se investe.

Observe em derredor a obrigação que lhe reclama devotamento. Às vezes, é um filho que espera por seu exemplo, de outras, o problema doméstico a exprimir-se multiface, requisitando atenção.

Urge perceber que o contrato de serviço assinado perante as leis do destino não se circunscreve ao âmbito do lar. Estende-se para além.

Seu encargo de auxiliar alcança o chefe que se fez incompreensivo, o companheiro que se cansou a meio do caminho, o subalterno em dificuldade, o irmão anônimo que pede apoio e compreensão.

Não se diga em atividade apagada. Toda tarefa proveitosa jaz impregnada de grandeza. Nenhuma insignificante, nenhuma inútil.

Os técnicos que idealizam e levantam os veículos modernos dependem dos seringueiros para calçá-los.

A onda radiofônica transmite a palavra de um continente a outro, subordinando-se à válvula para conferir-lhe expressão.

A escalada do progresso necessita de esforço conjunto. Conjunto é obra de todos.

Sua incumbência de hoje não é lugar fixo e sim degrau. Subida exige suor.

Rebento frágil, se atende às imposições da natureza, converte-se em árvore frutífera. Aprendiz que persevera no estudo será comandante do ensino. Concretize o trabalho que lhe foi confiado. É seu.

Jesus não solicitou a salvação do mundo a ninguém. Esta a maior petição que o Mestre nos endereçou: "amai-vos uns aos outros como eu vos amei", querendo significar que o coração de cada um deve sair ao encontro de outros corações, através do serviço.

Segundo é fácil de ver, a nossa construção mais urgente é fazer o que a vida nos pede fazer a benefício dos outros. Fora disso, o que empreendermos será fuga. Toda fuga é atraso.

Estejamos convencidos que o mal - o mal verdadeiro expressando cristalização de ignorância - nasce invariavelmente do bem que retardou. 
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Kelvin Van Dine  
Waldo Vieira  
Obra: Entre irmãos de outras terras


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