quarta-feira, 28 de março de 2018

O Frio da Incompreensão




Fatores limitantes:

Às vezes, sinto que estou desamparado neste mundo. Faço o possível para manter boas relações com as pessoas; procuro ajudá-las e me esforço para perdoar-lhes. Tenho-me dedicado semanalmente às obras assistenciais e às atividades doutrinárias. Sinto o “peso da responsabilidade” e parece que não vou suportá-lo. Tenho a sensação de que vou esmorecer. Apesar de minha perseverança no bem, por que continuo sofrendo as intempéries da vida?

Expandindo nossos horizontes:

Pessoas aprenderam que devem dedicar a vida aos ideais do amor, ocupando-se dos valores da bondade e dos gestos da fraternidade.
Simplesmente isso bastaria? Será que agem assim por terem adquirido uma autêntica consciência crística, ou por obedecerem a mera prescrição religiosa, fundamentada num sentimentalismo superficial? Quais são os valores que mobilizam suas atitudes íntimas? O que as impulsiona interiormente?

Criaturas fogem dos desgostos da vida buscando um ideal maior para suportarem suas dores existenciais, mas não percebem que muitas vezes estão vivendo uma fantasia. Nutrem-se do produto de uma imaginação enganosa. Mais além, quando confrontam a realidade, padecem mais intensamente com a morte das ilusões recém-cultivadas do que com o próprio sofrimento em que viviam.

O caminho do conhecimento de si mesmo amplia a mente, desenvolve a razão e proporciona uma inteligência lúcida, retirando a consciência da alienação em que vive.

Quando você compreender que é uno com Deus, conseguirá sair de uma suposta vida de devoção, centrada em interesses imediatistas, para uma existência de realização plena com o Ser Onipresente.

Constitui o mais elevado grau de religiosidade a certeza de que Ele está em mim, e eu estou nEle.

Quando você faz o bem esperando recompensa e gratidão, imediatamente a ação é considerada interesseira e mercantilista. Portanto, não doe alguma coisa nem se dedique a alguém sob condições. Porventura o jasmim com sua alva cor, graça e elegância revela seu aroma inebriante pela obrigação de que lhe agradeçam por isso?

Por que você não se esforça para entender os mecanismos naturais do Universo?

A dor é, em si mesma, benéfica e tem por objetivo conduzi-lo ao equilíbrio. Se você pudesse perceber por si próprio os erros que está cometendo e corrigi-los, não haveria necessidade de atravessar rigorosas lições de sofrimento. Logo, sofrer não é castigo, é aprendizagem.

A questão é que você não quer aprender, mas unicamente livrar-se dos problemas, sem esforço e de forma milagrosa. Você quer prêmios e concessões divinas na prática de ações bondosas, não equilíbrio e entendimento.

A atuação mais importante que você pode ter em benefício de si e dos outros é conhecer cada vez mais a verdade e o amor em plenitude. O autoconhecimento o aproxima amorosamente de todos os seres humanos, sem distinção de credo, raça e condição social.

As dores aparecem como último recurso a ser aplicado. Elas apenas solicitam-lhe transformação interior.

Embora a consciência exterior não esteja certificada do motivo do sofrimento, julgando-o severo e doloroso demais, a consciência íntima irá guiá-lo para o curso da evolução espiritual, a qual todos estão destinados. Aceitar isso implica um passo importantíssimo para o auto-descobrimento e, como resultado quase que imediato, o alívio; e, por fim, a cura definitiva.

Por maiores que sejam, ou por mais que pareçam intermináveis, as horas cinzentas no inverno da vida, procure ouvir a mensagem oculta que elas nos trazem. O frio da incompreensão, que você carrega por dentro por não entender os mecanismos da Vida, pode ser muito mais atroz e desapiedado que os flocos de neve causticantes e gélidos que caem lá fora, nos dias de intenso inverno.
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Lourdes Catherine


MENSAGEM DO ESE:
A reencarnação fortalece os laços de família (I)


Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.
No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes, até, uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento. Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento. Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer que os retardatários progridam. Após cada existência, todos têm avançado um passo na senda do aperfeiçoamento. Cada vez menos presos à matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem as sombras das paixões. Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga.
Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos. Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, item 18.)



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