segunda-feira, 26 de março de 2018

Ante as decepções


  Não somos poucos os que nos tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas.

A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um deslize.

Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações.

Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real.

Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou compromissos de infalibilidade para conosco.

Segundo, porque o simples fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios.

A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise superficial.

Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião, com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade.

O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao que pregam.

Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos iludir.

Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do caminho.

Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam.

Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem, aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos decepcionarmos com nada ou com ninguém.

Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos.
* * *
Para que avancemos em nossa caminhada evolutiva, imponhamo-nos uma conduta de maturidade, de indulgência e de benevolência para com os demais.

Disponhamos-nos a brilhar, sob a proteção de Deus, avançando sempre, não nos detendo na retaguarda a examinar mágoas e depressões, que se apresentam na estrada como pedras e obstáculos, calhaus e detritos.
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Redação do Momento Espírita, com base no cap. 28 do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.  



MENSAGEM DO ESE:
A lei de amor (III)

Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem, por meu intermédio: “Amai muito, a fim de serdes amados.” É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse sábio conselho, elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos espiritualizareis antes de deixardes o invólucro terrestre. Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes para Deus, vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de vossa alma. Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes dirigido a Deus o pensamento.
Amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam; é procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las; é considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontrareis, dentro de certo período, em mundos mais adiantados; e os Espíritos que a compõem são, como vós, filhos de Deus, destinados a se elevarem ao infinito. Assim, não podeis recusar aos vossos irmãos o que Deus liberalmente vos outorgou, porquanto, de vosso lado, muito
vos alegraria que vossos irmãos vos dessem aquilo de que necessitais. Para todos os sofrimentos, tende, pois, sempre uma palavra de esperança e de conforto, a fim de que sejais inteiramente amor e justiça.
Crede que esta sábia exortação: “Amai bastante, para serdes amados”, abrirá caminho; revolucionária, ela segue sua rota, que é determinada, invariável. Mas, já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos. Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de idéias novas, que outrora rejeitaríeis. Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro.
Hoje, quando o movimento espírita há dado tão grande passo, vede com que rapidez as idéias de justiça e de renovação, constantes nos ditados espíritas, são aceitas pela parte mediana do mundo inteligente. É que essas idéias correspondem a tudo o que há de divino em vós. É que estais preparados por uma sementeira fecunda: a do século passado, que implantou no seio da sociedade terrena as grandes idéias de progresso. E, como tudo se encadeia sob a direção do Altíssimo, todas as lições recebidas e aceitas virão a encerrar-se na permuta universal do amor ao próximo. Por aí, os Espíritos encarnados, melhor apreciando e sentindo, se estenderão as mãos, de todos os confins do vosso planeta. Uns e outros reunir-se-ão, para se entenderem e amarem, para destruírem todas as injustiças, todas as causas de desinteligências entre os povos.
Grande conceito de renovação pelo Espiritismo, tão bem exposto em O Livro dos Espíritos; tu produzirás o portentoso milagre do século vindouro, o da harmonização de todos os interesses materiais e espirituais dos homens, pela aplicação deste preceito bem compreendido: “Amai bastante, para serdes amados.” Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris. (1863.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 10.)

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