Perdoar, esquecer a ofensa, eis um dos pontos mais difíceis de se pôr em prática.
Entretanto, sabemos que a ofensa que nos é dirigida só pode ter partido de uma alma enferma, corroída pelos micróbios das múltiplas enfermidades que assolam o mundo, e contra as quais, para sermos sinceros, não estamos ainda imunizados.
Quando tomamos a ofensa pela ofensa, quando levamos para dentro de nós o ódio, o desejo de vingança, estamos simplesmente assinando o nosso atestado de criaturas tão ou mais enfermas que aquelas que trouxeram até nós motivos capazes de nos levar a um estado tão negativo.
Sei que não é fácil receber as chibatadas da injustiça, da ingratidão, da injúria, da maledicência e de outros atentados a nossa personal idade, principalmente se não demos motivo para tal.
O mundo profano considera quem já é capaz de reagir com calma e serenamente a qualquer investida dessas almas enfermas como covarde e sem personalidade.
E o que é personalidade, senão ainda o resquício de convalescença da alma que se destacou no mundo da matéria, que se firmou no conceito dos homens, mas que, por isso mesmo, considera-se em posição privilegiada?
Vingar-se, revidando ofensas, é colocar-se no nível ou abaixo do nível do ofensor.
Mas perdoar é subir mais um degrau na grande escala da evolução.
O perdão é a vingança dos fortes.
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Cenira Pinto
O perdão é a vingança dos fortes.
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Cenira Pinto
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