quarta-feira, 25 de abril de 2012

AS ANGÚSTIAS E O REMÉDIO



Existem noites em nossas vidas que são mais escuras, noites em que o vento violento e ruidoso traz a tempestade forte e barulhenta.
Os trovões e os relâmpagos fazem estremecer a madrugada como se fossem durar para sempre.
Não há como a gente ignorar os sentimentos que tomam de assalto nossos frágeis corações.
O medo e a incerteza tiram nosso sono, e passamos minutos infindáveis, imaginando o pior. Ficamos com medo de que o céu possa, de um momento para o outro, cair sobre nossas cabeças.

Mas sem qualquer aviso, o vento vai se acalmando, as gotas de chuva começam a cair com menos violência e o silêncio volta a imperar na noite.
E então adormecemos sem nos dar conta do final da tempestade, e quando acordamos, com o sol da manhã a nos beijar o rosto, nem sequer nos recordamos das angústias da noite.

Os galhos caídos na calçada, a água ainda empoçada na rua, nada, nenhum sinal é suficientemente forte para que nos lembremos do temporal que há poucas horas nos assustava tanto.
Assim ainda somos nós, criaturas humanas, presas ao momento presente.
Descrentes, a ponto de quase sucumbir diante de qualquer dificuldade, seja uma tempestade ou revés da vida, por acreditar que essa dificuldade poderia nos aniquilar ou ferir irremediavelmente.
Homens de pouca fé, eis o que somos.
Há muito tempo fomos convidados a acreditar no amor do Pai, soberanamente justo e bom, que não permite que nada que não seja necessário e útil nos aconteça.

Mesmo assim continuamos ligados à matéria, acreditando que nossa felicidade depende apenas de tesouros que as traças roem e que o tempo deteriora.

Permanecemos sofrendo por dificuldades passageiras, como a tempestade da noite, que por mais estragos que possa fazer nos telhados e nos jardins, sempre passa e tem sua indiscutível utilidade.

Somos para Deus como crianças que ainda não se deram conta da grandiosidade do mundo e das verdades da vida.

Almas aprendizes que se assustam com trovões e relâmpagos que, nas noites escuras da vida,
fazem-nos lembrar de nossa pequenez e da nossa impotência diante do todo.

Se ainda choramos de medo e não temos coragem bastante para enfrentar as realidades que não nos parecem favoráveis ou agradáveis, é porque em nossa intimidade a mensagem do Cristo ainda não se fez certeza.

Nossa fé é tão insignificante que ante a menor contrariedade bradamos que Deus nos abandonou, que não há justiça.
Trata-se, porém, de uma miopia espiritual, decorrente do nosso desejo constante de ser agraciados com bênçãos que, por ora, ainda não são merecidas.
Falta-nos a coragem para acreditar que Deus não erra, que esta falha, a de errar, não é dele, mas apenas nossa, caminhantes imperfeitos nesta rota evolutiva.

Falta-nos humildade para crer que, quando fazemos a parte que nos cabe na tarefa, tudo acontece na hora correta e de forma adequada.

As dores que nos chegam e nos tocam são oportunidades de aprendizado e de mudança para novo estágio de evolução.

Assim como a chuva, que em algumas ocasiões nos pareça inconveniente e assustadora, também os problemas são indispensáveis para a purificação e renovação dos seres.
Por isso, quando tempestades pesarem fortemente sobre nossas cabeças, saibamos perceber que tudo na vida passa, assim como as chuvas, as dores, os problemas.
Tudo é fugaz e momentâneo.
Mas tudo, também, tem seu motivo e sua utilidade em nosso desenvolvimento.
Eu me lembro agora de contar uma história que li certa vez e que era mais ou menos assim:
Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da mata alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes.
Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele.

O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado: “sou um criminoso,um ladrão e muito cedo perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Me senti afundando na lama e tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge e te peço que me livre desse sofrimento, dessa angústia!” E dizendo isso se ajoelhou aos pés do homem santo.

O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e depois de pensar um pouco disse: “estou com muita sede. Existe alguma fonte por aqui?”
Com aquela repentina pergunta , o jovem respondeu surpreso: “sim, há um poço logo ali, porém nele não há carretilha, nem balde. Mas eu tenho aqui uma corda que posso amarrar na sua cintura e desce-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima.”

O monge sorrindo aceitou a ideia e logo em seguida encontrava-se dentro do poço.
Pouco depois, veio a voz do monge: “pode me puxar para cima!”
O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir.
Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início.

Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo.
Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral.

Por um momento o ladrão ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado: “hei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo.”

De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando: “você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas ideias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reergue-lo, não vai adiantar nada.”
Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quiser realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas ideias negativas que estão mantendo no fundo do poço. Desprenda-se e liberte-se.”
Diante dessa história inteligente podemos entender com facilidade que:

A escuridão nada mais é do que a falta de luz, assim como o mal é a ausência do bem. Quando pensamentos negativos contagiarem os nossos pensamentos e começarem a esconder os nossos melhores sentimentos, busquemos a luz da verdade e o caminho do bem.
Tratemos de abandonar as pedras da ignorância e do medo que nos mantem prisioneiros de nossas próprias imperfeições, nos poços do egoísmo e do orgulho.
O ser humano de hoje que enfrenta alta soma de dissabores, angústias e incertezas, não vai ter outro caminho a não ser o de viajar para dentro, aproximando-se dos demais indivíduos e redescobrindo três coisas sumamente importantes:

1) a sua imortalidade espiritual;
2) que seu corpo de carne e osso é transitório;
3) a excelência do amor como responsável por tudo quanto existe, manifestação natural e especial de Deus.
E como será esse nosso autoconhecimento?

Quando você olha no espelho e vê a sua imagem nele projetada, o que você observa?
Talvez um fio de cabelo branco, que surgiu nos últimos dias, ou uma pequena marca de expressão que ainda não havia notado.

Talvez perceba algumas olheiras e tente descobrir o que as fez aparecer, deixando seu olhar quase sem brilho.
Enfim, é bem possível que você se detenha a observar apenas a sua aparência exterior, sem atentar para o mundo seu mundo interior completamente submerso por trás dessa imagem.
Talvez você nem se lembre do espírito, verdadeiro responsável pela manutenção dos trilhões de células do corpo físico, que no momento lhe serve de roupagem.

Isso mesmo, talvez você nem se lembre que o espírito é a essência do ser. É o grande responsável pela saúde ou pela doença que se manifesta no corpo.
Todas as virtudes ou vícios estão sob o seu comando.
Um sábio estudioso chamado Carl Gustav Jung deixou registrado que o “inconsciente é um verdadeiro oceano, no qual a consciência se encontra quase totalmente mergulhada. E nesse oceano encontram-se guardadas todas as experiências do ser”.
Por vezes passamos tanto tempo na superfície, ocupados com as aparências, que perdemos o mapa de nós mesmos, e ficamos a olhar a imagem refletida no espelho, como se observássemos um ilustre desconhecido.
Pela falta do hábito de mergulhar fundo em nossa intimidade, em busca das verdades sobre nós mesmos, passamos a acreditar que somos apenas o que o espelho nos mostra.
E porque essa imagem de corpo bonito que vemos refletida no espelho não se conserva eternamente com a aparência que desejamos, surge o desespero ou o desencanto.
Mas agora que conhecemos essas considerações que são elementos de reflexão, vamos nos olhar como um espírito eterno e estamos numa breve experiência no corpo físico vamos parar um pouco e fazer algumas perguntas para nós mesmos:
Quem sou eu? O que faço neste corpo que segue na direção do túmulo? O que o Criador espera de mim? O que me espera além da morte?
Vamos mergulhar nesse imenso oceano desconhecido que é o nosso mundo interior e nós encontraremos respostas muito significativas para que possamos entender a nós mesmos e também entender o mundo a nossa volta.
Perceberá que somos, como todo mundo também é, uma mistura extremamente complexa de capacidades e limitações.
Vamos entender que as capacidades que já temos são lições já adquiridas e que os limites estão à espera da nossa vontade para serem superados.
Fazendo essa auto-análise sincera, perceberemos que existe em nós um lado que desconhecemos e de onde emergem, vez ou outra, sentimentos dos quais não temos o controle.
Descobriremos, também, que muitas virtudes estavam escondidas sob a baixa auto-estima ou sob a falta de autoconfiança.
Perceberemos que as nuvens de ilusão muitas vezes não nos permitiram ver o despenhadeiro logo à frente onde nós nos precipitamos e nos ferimos profundamente.

E que esses ferimentos nos impediram a rápida retomada do caminho, retardando-nos o passo.
Tudo isso porque: Nós não nos conhecemos...
Tudo isso porque não sabíamos o porque de estarmos aqui na face da Terra e o também não sabíamos o que Deus esperava de nós.
Tudo isso porque nós perdemos o mapa de nós mesmos e navegamos sem rumo nesse mar imenso e profundo que existe por trás da imagem, velha ou moça, refletida no espelho.
Vamos nos olhar no espelho novamente e agora de modo diferente e olhar agora o que realmente somos: Um espírito imortal, que tem sob o seu comando a manutenção dos trilhões de células do seu corpo físico.
Mas se esse mergulho interior estiver difícil, vamos pedir a Deus para que nos ajude na busca dessa pérola preciosa que ele depositou dentro de nossa mais profunda intimidade.
Deus conhece o mapa.

E o Mestre de Nazaré sabia disso. Por isso Ele nos ensinou que o reino dos céus está dentro de nós.
Portanto, vamos nos encher de vontade e descobrirmos esse valioso tesouro que o Criador guardou no vaso sagrado de nossa alma.
Com isso também vamos descobrir que a única pessoa capaz de dirigir os nossos passos na direção da felicidade tão sonhada, é exatamente essa mesma pessoa que estamos observando, aí, refletida no espelho, ou seja nós mesmos!
Há dois mil anos uma estrela brilhou diferente na Terra...
Há dois mil anos atrás, houve Alguém na face da terra que amou a humanidade como jamais ninguém amou.
Há dois mil anos houve Alguém que conhecia e respeitava as leis da vida, e para aqueles que O chamaram de subversivo Ele respondeu: "eu não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento."
Há dois mil anos houve Alguém que sabia que a humanidade se debateria em busca de soberania e poder e se precipitaria nos despenhadeiros das guerras cruéis e sangrentas, causando dor e sofrimento. Por isso Ele disse: "minha paz vos deixo, a minha paz vou dou.
Há dois mil anos houve Alguém que adivinhou que nós, como indivíduo que somos, deveríamos caminhar em busca da própria felicidade, e que, embora rodeado de muitas outras pessoas, haveria momentos em que a solidão nos visitaria. E por isso Ele falou: "nunca estareis a sós." "Vinde a mim".
Há dois mil anos houve Alguém que sabia que na escalada para Deus, em alguns momentos nós nos sentiríamos meio perdidos, sem saber ao certo que caminho seguir. Foi por essa razão que Ele disse: "Eu sou o caminho."

Há dois mil anos houve Alguém que conhecia as fraquezas humanas e entendia que densas nuvens se abateriam sobre as consciências dos seres, fazendo-os perder-se na noite escura dos próprios desatinos. Por isso Ele falou: "eu sou a luz do mundo".
Há dois mil anos houve Alguém que conhecia a intimidade das criaturas, adivinhava-lhes as angústias e as incertezas, sabia que muitas seriam as derrotas e que, depois do cansaço das lutas inglórias, buscariam uma rota segura. Por essa razão Ele disse: "eu sou o caminho, a verdade e a vida."
Há dois mil anos, houve Alguém que compreendia a fragilidade dos seus tutelados, que facilmente se deixariam levar pelo brilho das riquezas materiais e escorregariam nas armadilhas da desonra e da insensatez. Por essa razão Ele advertiu: "de nada adianta ao homem ganhar a vida e perder-se a si mesmo."
Há dois mil anos houve Alguém que conhecia a indocilidade do coração humano, que se tornaria presa fácil da prepotência e se comprometeria negativamente com os preconceitos e a soberba em nome de Deus, criando cadeias para a própria alma. E com ternura afirmou: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

Há dois mil anos houve Alguém que amou a humanidade como ninguém jamais amou...
E por saber que na intimidade de cada ser humano há uma centelha da chama divina, Ele disse: "brilhe a vossa luz."
E por conhecer a destinação reservada para todos nós, falou: "sede perfeitos."
Conhecedor da nossa capacidade de preservar e dar sabor à vida, afirmou: "vós sois o sal da Terra."
Há dois mil anos houve Alguém que amou tanto a humanidade que voltou, após a morte, para que tivéssemos a certeza de que o túmulo não aniquila os nossos amores.
E esse Alguém não impôs nada a ninguém. Não fez e não faz nenhuma cobrança para ninguém. Deixou apenas um convite: "quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo, e siga-me."

Esse Espírito ficou conhecido na Terra pelo nome de Jesus, o Cristo.
E hoje sabemos que Ele habita mundos sublimes, onde a felicidade suprema é uma realidade, e mesmo assim continua amparando e socorrendo Seus irmãos aqui da Terra, independente de crença, raça, posição social ou cultura, pois como Ele mesmo afirmou: "nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá."
Sigamos esse Mestre maior, entendendo e colocando em prática as suas imortais idéias que são ensinamentos sublimes, e são tão simples, e estaremos de posse do remédio que poderá nos curar de nossas angústias.
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Palestra organizada por Sérgio Avelhaneda em 12/09/2004

Um comentário:

  1. Mensagem maravilhosa!!
    Realmente só Jesus é o remédio para nossas angústias e tormentos.

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Obrigada pelo comentário.