segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Aparte no diálogo


 Quando se fala de aflição, é importante raciocinar sobre os impositivos da paz em nosso próprio relacionamento. 
  A paz, no entanto, nasce na mente de cada um. Semelhante afirmativa envolve outra: precisamos doar a nossa paz àqueles que nos cercam, a fim de recolhê-la dos outros.   Espécie de beneficência do espírito de cuja prática nenhum de nós conseguirá escapar sem prejuízo. Para exerce-la, porém, é indispensável podar as inquietações inúteis e sofrear os impulsos negativos, com que, na Terra, nos habituamos, sem perceber, a dilapidar a tranquilidade alheia.

  A obtenção do apoio recíproco a que nos referimos, pede-nos a todos, não apenas entendimento, mas até mesmo o exercício da compaixão construtiva uns pelos outros, para que a tensão desnecessária deixe de ser no mundo um dos mais perigosos ingredientes da enfermidade e da morte.

  Há quem diga que o avanço tecnológico, em muitos casos, destrói a tranquilidade das criaturas, entretanto, a máquina funciona segundo as disposições do maquinista.

  Que dizer do nervosismo, da intolerância, da paixão pela velocidade temerária, da desatenção, da imaturidade guindada ao campo diretivo, do desculpismo, dos hábitos que induzem ao desequilíbrio no usufruto do progresso?

  Ninguém precisa teorizar em demasia, quanto a isso. O filme do mundo em reconstrução é revelado aos nossos próprios olhos, no laboratório do dia a dia.

  Se nos propomos a suprimir a tensão estéril que, a pouco e pouco, nos arroja a tantas calamidades domésticas e sociais, é imperioso nos voltemos ao cultivo da paz. E, sabendo que a Divina Providência nos fornece todos os recursos para a edificação do bem, no campo de nossas vidas, se quisermos a paz é necessário nos empenhemos a construí-la.
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Emmanuel 
Chico Xavier


MENSAGEM DO ESE:
A beneficência


A beneficência, meus amigos, dar-vos-á nesse mundo os mais puros e suaves deleites, as alegrias do coração, que nem o remorso, nem a indiferença perturbam. Oh! pudésseis compreender tudo o que de grande e de agradável encerra a generosidade das almas belas, sentimento que faz olhe a criatura as outras como olha a si mesma, e se dispa, jubilosa, para vestir o seu irmão! Pudésseis, meus amigos, ter por única ocupação tornar felizes os outros! Quais as festas mundanas que podereis comparar às que celebrais quando, como representantes da Divindade, levais a alegria a essas famílias que da vida apenas conhecem as vicissitudes e as amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados refulgirem subitamente de esperança, porque, faltos de pão, os desgraçados ouviam seus filhinhos, ignorantes de que viver é sofrer, gritando repetidamente, a chorar, estas palavras, que, como agudo punhal, se lhes enterravam nos corações maternos: “Estou com fome!...” Oh! compreendei quão deliciosas são as impressões que recebe aquele que vê renascer a alegria onde, um momento antes, só havia desespero! Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e tende em mente estas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!” 

Caridade! sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, enquanto se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra. Que os meus irmãos encarnados creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, enlanguescem na dor e no insulamento! Colhereis nesse mundo bem doces alegrias e, mais tarde... só Deus o sabe!... – Adolfo, bispo de Argel. (Bordéus, 1861.)



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 11.)

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