quinta-feira, 11 de julho de 2019

Antes de condenar




Conta o escritor Stephen Covey um fato ocorrido com ele numa manhã de domingo, no metrô de Nova York.

As pessoas estavam lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados.
Era uma cena calma e tranquila.

Então, um homem entrou no vagão com os filhos.
As crianças faziam algazarra e se comportavam mal.
O clima mudou de repente.

O homem se sentou ao lado de Stephen e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação.

As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam objetos, puxavam os jornais dos passageiros, incomodando a todos.

Mesmo assim o pai não fazia nada.

Para Stephen era quase impossível evitar a irritação.
Ele não conseguia acreditar que aquele homem pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito, sem tomar uma atitude.

Ele podia perceber facilmente que as pessoas estavam irritadas.

A certa altura, enquanto ainda conseguia manter o controle, Stephen virou-se para o homem e disse:

Senhor, seus filhos estão perturbando demais.
Será que não poderia dar um jeito neles?

O homem olhou para Stephen, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e disse calmamente:

Creio que o senhor tem razão.
Acho que eu deveria fazer alguma coisa.
Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora.
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Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não sabem como lidar com isso.

* * *

Quantas vezes nós vemos, sentimos e agimos de maneira oposta à que deveríamos, por não perceber a realidade que está por trás da cena.

No mundo conturbado em que vivemos, pensando quase exclusivamente em nós próprios, muitas dores e gemidos ocultos passam despercebidos, e perdemos a oportunidade de ajudar, de estender a mão.

Por isso, é importante que cultivemos a sensibilidade para perceber a dor oculta e amenizar a aridez da vida ao nosso redor.

Geralmente o que fazemos é condenar, sem a mínima análise da realidade de quem está passando por árduas dificuldades.

No entanto, é tão bom quando alguém percebe nossas dores e sofrimentos que não ousamos expressar.
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É tão agradável quando alguém nota que estamos atravessando momentos difíceis e nos oferece apoio.
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É tão confortador encontrar alguém que leia em nossos olhos a tristeza que levamos na alma dilacerada, e nos acene com palavras de otimismo e esperança.
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As pessoas têm maneiras diferentes de enfrentar o sofrimento.
Umas se desesperam, outras ficam apáticas, muitas se tornam agressivas, algumas fogem.
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Por tudo isso, não devemos julgar a situação pelas aparências, porque podemos nos enganar.

No caso relatado, após saber o que realmente estava acontecendo com aquele pai e seus filhos, o coração de Stephen se encheu de compaixão.

Sinto muito, disse ele.
Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar?

Seus sentimentos mudaram.
E mudaram porque ele soube da verdade que a aparente indiferença de um pai ocultava.
Simplesmente porque não sabia como lidar com o próprio sofrimento e o dos seus filhos.

Pensemos nisso!
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Redação do Momento Espírita, com base no item De dentro para fora, do livro Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes, de Stephen Covey,





MENSAGEM DO ESE:

Candeia sob o alqueire. Porque fala Jesus por parábolas (II)

Se, pois, em sua previdente sabedoria, a Providência só gradualmente revela as verdades, é claro que as desvenda à proporção que a Humanidade se vai mostrando amadurecida para as receber. Ela as mantém de reserva e não sob o alqueire. Os homens, porém, que entram a possuí-las, quase sempre as ocultam do vulgo com o intento de o dominarem.
São esses os que, verdadeiramente, colocam a luz debaixo do alqueire. É por isso que todas as religiões têm tido seus mistérios, cujo exame proíbem. Mas, ao passo que essas religiões iam ficando para trás, a Ciência e a inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. Havendo-se tornado adulto, o vulgo entendeu de penetrar o fundo das coisas e eliminou de sua fé o que era contrário à observação.
Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com a razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido. Tudo o que se acha oculto será descoberto um dia e o que o homem ainda não pode compreender lhe será sucessivamente desvendado, em mundos mais adiantados, quando se houver purificado. Aqui na Terra, ele ainda se encontra em pleno nevoeiro.
Pergunta-se: que proveito podia o povo tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido se lhe conservava impenetrável? É de notar-se que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambigüidade alguma. Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual ele se limitava a dizer: “Eis o que é preciso se faça para ganhar o reino dos céus.” Sobre as outras partes, apenas aos discípulos desenvolvia o seu pensamento. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Daí o haver dito: Aos que já têm, ainda mais se dará. 
Entretanto, mesmo com os apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa inteligência ficava reservada a ulteriores tempos. Foram esses pontos que deram ensejo a tão diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, revelassem as novas leis da Natureza, que lhes tornaram perceptível o verdadeiro sentido.
O Espiritismo, hoje, projeta luz sobre uma imensidade de pontos obscuros; não a lança, porém, inconsideradamente. Com admirável prudência se conduzem os Espíritos, ao darem suas instruções. Só gradual e sucessivamente consideraram as diversas partes já conhecidas da Doutrina, deixando as outras partes para serem reveladas à medida que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o primeiro momento, somente a reduzido número de pessoas se teria ela mostrado acessível; houvera mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-la, do que resultaria ficar prejudicada a sua propagação. Se, pois, os Espíritos ainda não dizem tudo ostensivamente, não é porque haja na Doutrina mistérios em que só alguns privilegiados possam penetrar, nem porque eles coloquem a lâmpada debaixo do alqueire; é porque cada coisa tem de vir no momento oportuno. Eles dão a cada idéia tempo para amadurecer e propagar-se, antes que apresentem outra, e aos acontecimentos o de preparar a aceitação dessa outra.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, itens 5 a 7.)


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