segunda-feira, 5 de agosto de 2019

O valor de cada um




Narra uma lenda indiana que um homem foi contratado para levar água do córrego à residência do seu amo, todos os dias.

A sua tarefa consistia em encher um grande recipiente com a água cristalina.

Para isso, lhe forneceram dois potes, amarrados com cordas a um pedaço de madeira especial, que ele carregava aos ombros, um de cada lado.

Todas as manhãs, mal rompia o dia, lá estava ele enchendo os potes de barro, caminhando pela estrada e realizando o seu trabalho com muita alegria.

Passados alguns meses, o trabalhador observou que um dos potes rachou. Assim, no trajeto do córrego até a casa do seu senhor, muita água se ia perdendo pelo caminho, de forma que em vez de chegar com dois potes cheios, ele chegava com somente um e meio.

Numa manhã, o servidor foi surpreendido pela fala do pote rachado que lhe perguntou por que ele não o substituía por um novo. Ele estava rachado. Perdia muita água. Não servia mais.

O homem, entusiasmado, lhe respondeu:

De forma nenhuma considero você inutilizado para o trabalho. Você talvez não tenha se dado conta mas vai sempre pendurado do meu lado direito.

O fato de você ir derramando água pelo trajeto, fez-me perceber que a terra daquele lado ficou umedecida, mais verde.

Então, vendo a terra assim tão disposta, arranjei algumas sementes de flores e as semeei. Se você prestar atenção, verificará que do lado direito há um canteiro de flores belas, perfumadas e coloridas.

Graças à sua rachadura, transformei o caminho em um jardim agradável.

Mas o pote voltou à carga.

Contudo, o seu amo está sendo lesionado e não deve estar gostando nada do seu desempenho. Você foi contratado para levar dois potes cheios de água, e chega somente com um e meio.
Novamente, o homem respondeu, feliz:

Ao contrário. Cada dia meu amo mais aprecia o meu trabalho e a minha dedicação. Desde que as flores começaram a surgir, na sua profusão de qualidades e encantos, passei a colher algumas.

Levo-as com cuidado e as deposito no vaso na mesa da sala do meu senhor.

Ele se delicia com o perfume. E já o surpreendi, mais de uma vez, a acariciar as pétalas das flores, encantado.
* * *
À semelhança do pote rachado, alguns de nós nos sentimos inúteis na vida. Parece-nos que não somos importantes a ninguém, que nada de útil ou bom fazemos.

Mas não é verdade. Pensemos em quantas vidas influenciamos com a nossa presença. Pensemos no que, mesmo com nossos poucos recursos, podemos realizar a bem de quem vive à nossa volta.

Quem dispõe de voz, pode usá-la para cantar uma canção e alegrar o dia. Quem dispõe de braços, pode estendê-los na direção do outro e agasalhá-lo nos dias da adversidade, como um colo de mãe protege o filho.

Quem tem pernas saudáveis, pode direcioná-las no caminho da carência e aliviar dores escondidas em casebres, barracos e ruas.

Quem tem um coração que ama, pode modificar o mundo, começando pelo seu local de trabalho, seu lar, sua rua, sua comunidade.
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Redação do Momento Espírita, com base em conto narrado por Divaldo Pereira Franco, no
IV Simpósio Paranaense de Espiritismo, em 22.8.1999, em Curitiba, Paraná.
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Formatação e pesquisa: MILTER – 04-08-2019 




MENSAGEM DO ESE:

O argueiro e a trave no olho

Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? — Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro ao teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? — Hipócritas, tirai primeiro a trave ao vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (S. MATEUS, cap. VII, vv. 3 a 5.)

Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. 

Caridade orgulhosa é um contra-senso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, itens 9 e 10.)



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