terça-feira, 13 de outubro de 2020

Lavar a Alma



Naquela manhã, a caminho do trabalho, Marcela ouviu uma conversa no ônibus: Eu disse a ela tudo o que estava entalado na minha garganta. Não tive compaixão.
E como foi que ela reagiu?
Ficou chorando, pedindo desculpas, mas eu não perdoei. Lavei a alma.
Marcela se recordou de uma briga que tivera com a irmã, há alguns anos. E de como dissera palavras duras e pesadas.
Ao ser confrontada pela avó, dissera essa mesma frase que acabara de ouvir: Lavei a alma!
Recorda que a avó perguntara o que significava lavar a alma.
Ora, é botar pra fora tudo o que incomoda.
Entendi. – Falara a sábia senhora. Então, seu coração deve ter ficado em paz depois de ter dito coisas tão duras. A raiva passou e você e sua irmã ficaram bem, certo?
Na verdade, não. Ainda estou magoada e continuamos brigadas. Mas eu disse tudo o que estava entalado.

Quer dizer que você lavou a alma mas não perdoou.
Não perdoei, nem esqueci.
Então você não lavou a alma, minha menina. Quando lavamos algo, como uma roupa, por exemplo, tiramos dela toda a sujeira. Quando nos propomos a lavar a alma é para tirar dela tudo o que nos faz mal: raiva, rancor, mágoa, orgulho, egoísmo.
E somente conseguimos isso quando compreendemos o outro, quando conseguimos não nos sentir afetados pelo mal recebido e perdoamos.
Marcela tivera um choque ao ouvir aquelas palavras. Nunca havia pensado no termo lavar a alma sob aquela perspectiva.
* * *
Há uma ideia muito antiga que diz que devemos reagir, rebater as ofensas, pagar na mesma moeda. Isso ainda é resquício do olho por olho, dente por dente, praticado nos tempos de Moisés.
O Mestre Jesus, contudo, ensinou: Tendes ouvido o que se disse: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas se alguém vos ferir na face direita, oferecei-lhe também a outra.
Nesta exortação reside a chave para compreender e praticar o perdão.
O que nos move a revidar uma ofensa geralmente é nosso orgulho ferido. Não conseguimos perceber que quem ofende muitas vezes se encontra doente, precisando de ajuda.
Ao devolvermos a injúria, alimentamos sentimentos e energias ruins em ambos os lados.
Perdoar uma ofensa exige coragem e integridade, ainda mal compreendidas pelos que nos deixamos arrastar pelo orgulho e pelo egoísmo.
Uma alma lavada é uma alma livre de sentimentos negativos.
Mas... como se limpa a alma?
O segredo está em amar o próximo como a nós mesmos. Ver em quem nos magoa um irmão carente de amor tanto quanto nós.
Lavar a alma de sentimentos negativos implica no maior ato de coragem de todos, que é deixar de nos colocarmos em primeiro lugar para compreender o que está provocando a atitude do outro.
É fazer por ele o que gostaríamos que fizessem a nós, quando também nos sentirmos magoados e feridos.
É compreender e ajudar.
--------------------------------------------------------------------------
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XII,
itens 7 e 8 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, ed. FEB.
-------------------------------------------------------------------------------------------------

Formatação e pesquisa: MILTER-04-10-2020

🌺🌱🌺










🌺🌱🌺🌱🌺

MENSAGEM DO ESE:

Perdão das ofensas

Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça. Não está ele a te perdoar freqüentemente? Conta porventura as vezes que o seu perdão desce a te apagar as faltas?

Prestai, pois, ouvidos a essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos até do vosso amor. Dai, que o Senhor vos restituirá; perdoai, que o Senhor vos perdoará; abaixai-vos, que o Senhor vos elevará; humilhai-vos, que o Senhor fará vos assenteis à sua direita.
Ide, meus bem-amados, estudai e comentai estas palavras que vos dirijo da parte dAquele que, do alto dos esplendores celestes, vos tem sempre sob as suas vistas e prossegue com amor na tarefa ingrata a que deu começo, faz dezoito séculos. Perdoai aos vossos irmãos, como precisais que se vos perdoe.

Se seus atos pessoalmente vos prejudicaram, mais um motivo aí tendes para serdes indulgentes, porquanto o mérito do perdão é proporcionado à gravidade do mal. Nenhum merecimento teríeis em relevar os agravos dos vossos irmãos, desde que não passassem de simples arranhões.

Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras, como por atos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo. 

— Simeão. (Bordéus, 1862.)
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 14.)










Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pelo comentário.