quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Fardo


Não há ninguém sem um fardo para carregar.

O parente difícil, o filho-problema, o amigo inconstante,
o cônjuge irresponsável...

Se há quem nos seja um fardo, é possível que igualmente sejamos um fardo para alguém.

Em todo grupo familiar há sempre um ou outro espírito recalcitrante, ali colocado pelas Leis da Vida para a imprescindível permuta de experiências.

Quem tem mais é chamado a dar a quem tem menos.

A pessoa difícil com a qual convivemos é sempre um examinador às avessas na aferição de nossos reais valores.

Todo fardo carregado com amor pode se transformar em escora, impedindo a queda de quem o sustenta.

Não maldigamos o fardo de nossas penosas obrigações cotidianas, convictos de que é justamente ele o instrumento de nosso aperfeiçoamento.

Ninguém irá a parte alguma abandonando o seu fardo à margem da estrada.

Todo débito, cuja quitação se adia, deverá, mais tarde, ser saldado com juros.

Meditemos nestas palavras inseridas em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Todos aqueles que carregam o seu fardo e assistem seus irmãos são os meus bem-amados".
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Irmão José/Carlos A. Baccelli
Do livro LIÇÕES DA VIDA, ed. Didier  


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MENSAGEM DO ESE:
Advento do Espírito de Verdade (IV)

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A abnegação e o devotamento são uma prece continua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. — O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 8.)



terça-feira, 15 de agosto de 2017

INCLINAÇÕES INFELIZES



 “A porta da perdição é larga, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da salvação é estreita, porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as más tendências, e poucos se resignam a isso.”
- O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XVIII, ítem 5



O homem é exatamente o que tem feito de si ao longo de suas vidas sucessivas; as inclinações que o arrastam para o caminho do mal são consequência de suas opções nas múltiplas experiências que vivencia...

Buscar novos caminhos e um novo direcionamento – eis o desafio que deve enfrentar, sem titubeios, no seu necessário descondicionamento de antigos vícios.

A tentação que experimenta é, pois, por assim dizer, o eco de sua desarmonia íntima em consonância com os apelos externos do mundo que habita – um plano de provas e expiações.

Não é fácil mudar, adquirir hábitos positivos, alcançar diferente compreensão da Vida!...

As necessidades criadas pelo próprio homem, muitas delas supérfluas e fictícias, fomentam esse estado de espírito que nele perdura há séculos...

Em verdade, ele vive numa repetição quase infindável em seus estágios de aprendizado no corpo, conseguindo avançar muito lentamente nas sendas do aperfeiçoamento espiritual.

Sem disciplinar-se, conter-se em seus impulsos, resistindo ao assédio das paixões e esforçando-se na renúncia do desejo, o homem não logrará transpor a porta estreita!

A reencarnação, para a maioria, de fato, tem se convertido em círculo vicioso, nas provas que o homem repisa incontáveis vezes, sem noção do real significado da vida sobre a Terra.

Por isto, a prática sistemática do Bem, nos diminutos gestos de Caridade, induz o espírito à criação de novos hábitos, para que, aos poucos, ele se liberte do comodismo e da indiferença, da ociosidade e da prostração em que há séculos se encontra.

É uma luta pela sua maioridade espiritual, a que o homem trava contra as suas inclinações infelizes – luta cuja definitiva vitória dependerá dos seus pequeninos e reiterados esforços de cada dia, no propósito de ser mais do que até então tem sido.
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Livro: Pedi e Obtereis
Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Irmão José
Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier
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MENSAGEM DO ESE:
Obediência e resignação

A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antigüidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.
Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vicio é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos. — Lázaro. (Paris, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IX, item 8.)

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

TUDO MUDA



"A não ser o que procede de Deus, nada é imutável no mundo.
Tudo o que procede do homem está sujeito a mudanças.”

- O Evangelho Segundo o Espiritismo
Cap. XXII, ítem 2



Sobre o mundo das formas perecíveis, tudo se transforma sob a ação inexorável do tempo.

Com o progresso intelecto-moral, as leis humanas vão se aperfeiçoando, os costumes se depuram, os hábitos se modificam.

Apenas o que procede de Deus sobreviverá ao turbilhão renovador à que a Humanidade, lentamente, submete-se, desprendendo-se do transitório em louvor do que é eterno.

Nas camadas íntimas do ser, um novo homem se encontra em gestação, um novo mundo se esboça para o futuro...

O que hoje se considera um equívoco, amanhã talvez seja analisado por um outro prisma, e vice-versa. A Ciência alterará certas concepções, a Filosofia capitulará conceitos, a Religião examinará antigos dogmas..

Somente em Jesus Cristo, conforme a inspirada observação do Apóstolo, encontraremos as palavras de vida eterna, ou seja, a Verdade imutável de todas as épocas.

Na admirável dinâmica do Amor, o Evangelho continua hoje tão atual quanto ontem e haverá de sê-lo sempre.

As civilizações continuarão a ser regidas pelos valores éticos que, em todas as culturas e idiomas, encerram a mesma essência divina, norteando os homens no caminho da redenção.

Compreende-se, assim, a transitoriedade da experiência física; que o homem no corpo se encontra no seu porvir espiritual, desde agora procurando amealhar recursos, repletando os seu celeiros de bênçãos, para que, além das fronteiras da morte, não se surpreenda de mãos vazias e coração desprovido de luz.
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Livro: Pedi e Obtereis
Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Irmão José
Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier

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Mensagem do ESE:

Sacrifício da própria vida (II)

– Se um homem se expõe a um perigo iminente para salvar a vida a um de seus semelhantes, sabendo de antemão que sucumbirá, pode o seu ato ser considerado suicídio?
Desde que no ato não entre a intenção de buscar a morte, não há suicídio e, sim, apenas, devotamento e abnegação, embora também haja a certeza de que morrera. Mas, quem pode ter essa certeza? Quem poderá dizer que a Providência não reserva um inesperado meio de salvação para o momento mais crítico? Não poderia ela salvar mesmo aquele que se achasse diante da boca de um canhão? Pode muitas vezes dar-se que ela queira levar ao extremo limite a prova da resignação e, nesse caso, uma circunstância inopinada desvia o golpe fatal. — São Luís. (Paris, 1860.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 30.)




sábado, 12 de agosto de 2017

Resistência a uma Tentação


 

Duas origens pode ter qualquer pensamento mau: a própria imperfeição da alma ou uma funesta influência que sobre ela se exerça. Neste último caso, há sempre indício de uma fraqueza que nos sujeita a receber essa influência; há, por conseguinte, indício de uma alma imperfeita. De sorte que aquele que venha a falir não poderá invocar por escusa a influência de um Espírito estranho, visto que esse Espírito não o teria arrastado ao mal, se o considerasse inacessível à sedução.

Quando surge em nós um mau pensamento, podemos, pois, imaginar um Espírito maléfico a nos atrair para o mal, mas a cuja atração podemos ceder ou resistir, como se se tratara das solicitações de uma pessoa viva. Devemos, ao mesmo tempo, imaginar que, por seu lado, o nosso anjo guardião, ou Espírito protetor, combate em nós a má influência e espera com ansiedade a decisão que tomemos. A nossa hesitação em praticar o mal é a voz do Espírito Bom a se fazer ouvir pela nossa consciência.

Reconhece-se que um pensamento é mau, quando se afasta da caridade, que constitui a base da verdadeira moral, quando tem por princípio o orgulho, a vaidade ou o egoísmo; quando a sua realização pode causar qualquer prejuízo a outrem; quando, enfim, nos induz a fazer aos outros o que não quereríamos que nos fizessem.
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ALLAN KARDEC
Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo. cap. XXVIII. Prefácio. Item 20



MENSAGEM DO ESE:

O orgulho e a humildade (IV)

Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as jóias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas idéias.
Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua demência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos. Assim seja. - Lacordaire. (Constantina, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 11.)
 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

CONSCIÊNCIA


Façamos bastante silêncio interior para ouvirmos a voz da consciência.

Não provoquemos “ruídos” deliberados, a fim de não escutarmos os seus apelos.

Sendo a presença de Deus em nós, a consciência sempre nos adverte para o que é certo e o que é errado.

Ninguém, portanto, pode dizer-se sem orientação pessoal para o caminho.

Algumas pessoas ignoram a voz da consciência por estimarem se comprazer no mal.

Não querem ouvi-la para terem, depois, como se justificar, quando chamados pela Vida ao inevitável ajuste de contas.

Quanto mais o homem se espiritualiza, mais se lhe torna audível e clara essa voz interior.

O remorso é a voz da consciência ouvida tardiamente.

Quando consultada, a voz da consciência não se faz esperar e nem dá margem a dúbias interpretações.

Quem passa por cima de sua consciência, compromete-se ainda mais perante as Leis que regem a Vida.
 Não nos esqueçamos de que, quando procuramos conversar com Deus através da oração, é pela voz da consciência que Deus nos responde.
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Irmão José/Carlos A. Baccelli
Do livro ‘LIÇÕES DA VIDA’ – ed. DIDIER 


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MENSAGEM DO ESE:
Mundos inferiores e mundos superiores (II)

Nesses mundos venturosos, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito é conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é galgar a categoria dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse desejo, porém, uma ambição nobre, que o induz a estudar com ardor para os igualar. Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre, por lhe faltar o necessário, uma vez que ninguém se acha em expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não existe.

No vosso, precisais do mal para sentirdes o bem; da noite, para admirardes a luz; da doença, para apreciardes a saúde. Naqueles outros não há necessidade desses contrastes. A eterna luz, a eterna beleza e a eterna serenidade da alma proporcionam uma alegria eterna, livre de ser perturbada pelas angústias da vida material, ou pelo contacto dos maus, que lá não têm acesso. Isso o que o espírito humano maior dificuldade encontra para compreender. Ele foi bastante engenhoso para pintar os tormentos do inferno, mas nunca pôde imaginar as alegrias do céu. Por quê? Porque, sendo inferior, só há experimentado dores e misérias, jamais entreviu as claridades celestes; não pode, pois, falar do que não conhece. À medida, porém, que se eleva e depura, o horizonte se lhe dilata e ele compreende o bem que está diante de si, como compreendeu o mal que lhe está atrás.

Entretanto, os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos. Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por séculos de séculos no lodaçal da Humanidade.
(Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, itens 10 a 12.)