sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Penúria de espírito


Acreditarás talvez que nada possuis para dividir nas tarefas do bem; no entanto, pensa naqueles cujas provações foram somadas até o resultado da angústia extrema e cujos sofrimentos podes diminuir, através da multiplicação dos teus gestos de amor.

Não só isso. Coloca-te, sinceramente, no lugar deles.

Se fosses o doente largado às horas, com que júbilo receberias os quinze minutos de companhia e de afeto que alguém te pudesse oferecer, repartindo contigo algum saldo de tempo.

Se estivesses na posição do obsidiado infeliz, com que reconforto recolherias as ligeiras instruções de algum companheiro que viesse a destacar humilde parcela do próprio conhecimento a fim de suprir-te a necessidade de paz e orientação!…

Em semelhante assunto, ao lado da penúria material, consideremos aquela outra, a penúria de espírito, para verificar que a divisão do entendimento e da bondade é recurso a ser aplicado, incessantemente, na contabilidade da vida!…

Reflete naqueles que foram ludibriados pela fortuna sem trabalho e resvalaram no tédio, às vezes comprando, a preço de ociosidade e imprudência, a ficha dourada que lhes assinala a presença no manicômio.

Calcula o suplício moral dos que se enganaram com as facilidades da inteligência, com menosprezo pelo serviço aos semelhantes, e acordaram, um dia, de consciência perdida nas teias da criminalidade.

Pensa no sofrimento das crianças desajustadas que se desenvolvem para o mundo entre a revolta e o desânimo e reflete naqueles companheiros outros da Humanidade que tombam diariamente, em frustração, conquanto instruídos e abastados, aniquilando nos excessos do álcool e nos abusos do entorpecente as melhores possibilidades da reencarnação promissora!…

Comumente admitimos que, a rigor, a obra de assistência é trabalho tão somente atribuível às forças administrativas do campo oficial através da conjugação de verbas gigantescas que suprimam as exigências imediatas do corpo.

Ainda assim, por enquanto as exigências da alma sobram em grande número.

Desespero, aflição, desencanto, rebeldia, ódio, desequilíbrio, obsessão e loucura são males que nem sempre o apoio amoedado consegue socorrer.

Para a eliminação da penúria de espírito, essencialmente só existe um remédio — o amor; no entanto, para que o amor se transfira por bênção, de criatura a criatura, é imperioso aprendamos a dividir, uns com os outros, as infinitas riquezas do coração.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Rumo certo
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MENSAGEM DO ESE:

Instruções dos Espíritos

8 – Quem poderia, melhor do que eu, compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: Meu reino não é deste mundo? O orgulho me perdeu sobre a Terra. Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não o compreendesse? O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo! Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar no Reino dos Céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre! Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!

Para preparar um lugar nesse reino são necessárias à abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes, que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.

Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao Céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai, pois o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!

Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis , os únicos que lhes podem abrir as portas dessa morada.

Tende piedade dos que não ganharam o Reino dos Céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o Céu e a Terra. Não o esqueçais!

UMA REALEZA TERRENA
UMA RAINHA DE FRANÇA
Havre, 1863
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO 

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CARÊNCIAS FICTÍCIAS


Que bom seria se o homem, esquecido de si mesmo, não experimentasse outra necessidade que não fosse a de tão-somente fazer o bem aos semelhantes.

Todavia, alimentando carências fictícias, ele se lhes torna tão dependente, que a simples impossibilidade de não atendê-las, quando se sente por elas reclamado, o fazem sofrer enormemente.

E o mais grave é que, em muitas ocasiões, sob o fascínio que o prazer se lhe exerce, o homem não hesita em agir de maneira inconsequente, inclusive resvalando na criminalidade, assumindo pesados compromissos de natureza cármica dos quais não se liberará tão cedo.

Quantos são os que não vacilam em desfazer o ninho doméstico, entretecido a custo, cedendo a momentâneas tentações que, uma vez saciadas, lhe haverão de mergulhar a alma em profundo desencanto?!

Não permutes, assim, dentro da grande luta que vens travando para mantê-lo, o teu minuto de paz consciencial pela hora de leviana tranquilidade em que a euforia mentirosa da carne arrasa com todos os teus sonhos de verdadeira felicidade.
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Irmão José 
Carlos Baccelli 
Obra: Amai-vos uns aos outros
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Autoaprimoramento


Tanto quanto sustentamos confidências menos felizes com os outros, alimentamos aquelas do mesmo gênero de nós para nós mesmos.

Como vencer os nossos conflitos interiores? De que modo eliminar as tendências menos construtivas que ainda nos caracterizam a individualidade? — indagamo-nos.

De que modo esparzir a luz se muitas vezes ainda nos afinamos com a sombra?

E perdemos tempo longo na introspecção sem proveito, da qual nos afastamos insatisfeitos ou tristes.

Ponderemos, entretanto, que se os doentes estivessem proibidos de trabalhar, segundo as possibilidades que lhes são próprias, e se os benefícios da escola fossem vedados aos ignorantes, não restaria à civilização outra alternativa que não a de se extinguir, deixando-se invadir pelos atributos da selva.

Felicitemo-nos pelo fato de já conhecer as nossas fraquezas e defini-las. 8 Isso constitui um passo muito importante no progresso espiritual, porque, com isso, já não mais ignoramos onde e como atuar em auxílio da própria cura e burilamento.

Que somos Espíritos endividados perante as Leis Divinas, em nos reportando a nós outros, os companheiros em evolução na Terra, não padece dúvida.

Urge, porém, saber como facear construtivamente as necessidades e problemas do mundo íntimo.

Reconhecemo-nos falhos, em nos referindo aos valores da alma, ante a Vida Superior, mas abstenhamo-nos de chorar inutilmente no beco da autopiedade.

Ao invés disso, trabalhemos na edificação do bem de todos.

Cultura é a soma de lições infinitamente repetidas no tempo.

Virtude é o resultado de experiências incomensuravelmente recapituladas na vida.

Jesus, o Mestre dos mestres, apresenta uma chave simples para que se lhe identifiquem os legítimos seguidores: “conhecê-los-eis pelos frutos”.

Observemos o que estamos realizando com o tesouro das horas e de que espécie são as nossas ações, a benefício dos semelhantes. E, procurando aceitar-nos como somos, sem subterfúgios ou escapatórias, evitemos estragar-nos com queixas e autocondenação, diligenciando buscar, isto sim, agir, servir e melhorar-nos sempre.

Em tudo o que sentirmos, pensarmos, falarmos ou fizermos, doemos aos outros o melhor de nós, reconhecendo que, se as árvores são valorizadas pelos próprios frutos, cada árvore recebe e receberá invariavelmente atenção e auxílio do pomicultor, conforme os frutos que venha a produzir.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Rumo Certo

Um comentário:

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