terça-feira, 10 de setembro de 2013

Caídos



Aproxima-te dos caídos para ajudar.

Não suponhas, contudo, que eles sejam apenas os companheiros que encontras na estrada, em decúbito, vitimados de inanição ou de desalento.

Assesta as lentes do espírito e surpreenderás os que jazem prostrados, embora garantam o corpo em condição vertical, à maneira de torre inútil.

Entretanto, é preciso compreender para discernir.

Há os que caíram amando, sem saber que o afeto insensato os arrojaria nas trevas.

Há os que caíram em rígidas cadeias, por ignorarem que as flores genuínas do lar costumam viver no adubo do sofrimento.

Há os que caíram auxiliando, por desconhecerem que a caridade real pede apoio à renúncia.

Há os que caíram por devotamento à dignidade, transformando a Justiça em gládio de intolerância.

Há os que caíram nos duros freios do orgulho, imaginando-se mais limpos e mais nobres que os seus irmãos.

Há os que caíram no fogo das paixões delinquentes, ateado por eles mesmos à própria senda.

Há os que caíram nas grades do ódio, por olvidarem que o perdão é sustento da vida.

E há ainda aqueles outros que caíram na miséria da usura, como se pudessem comer o dinheiro que acumularam chorando...

Cada um deles traz a dor nos recessos da alma por elemento de correção.

Não lhes agraves, assim, o suplício moral, alargando-lhes as feridas.

Todos somos viajores nas trilhas da Terra, carregando fardos de imperfeições.

Hoje, podes estender os braços e levantar os que desfalecem. Amanhã, porém, é novo dia de caminhada e, embora tenhamos a obrigação de orar e vigiar, nenhum de nós sabe realmente se vai cair.
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Emmanuel
Chico Xavier





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