O espírito não pode ser omisso nos seus deveres morais, para não pactuar com os sentimentos inferiores. Compete a cada alma lutar consigo mesma usando todos os recursos possíveis na conquista do bem e do amor que já residem camuflados no reino do coração.
A criatura desatenta não deixa gravar em si as marcas do Cristo operante. Tem, por vezes, a falsa crença de pureza baseada em ações e fatos exteriores, esquecendo-se do ponto de partida que deve florescer no seu mundo interno e que lhe garante a tranquilidade de consciência.
Os sentimentos puros foram semeados por Deus no nosso mundo íntimo e eles são eternos, esperando o toque sob a regência do tempo, para que possam despertar à luz do progresso. São os nossos sentimentos que marcam o nosso comportamento diante dos outros, na escala à qual pertencemos. As nossas emoções falam de nós, em todos os caminhos que percorremos. Convida-nos o Cristo, por todos os meios disponíveis, ao cultivo dos sentimentos nobres. Perdermos a oportunidade é salientar a nossa ignorância. Todos os nossos semelhantes nos vigiam e observam o mal que fazemos ou o bem que deixamos de fazer, sem que percebamos essa vigilância. E isso torna-se bom para o nosso aperfeiçoamento espiritual, se conseguirmos a humildade bastante para ouvir aqueles que apontam os nossos erros, mesmo que o façam com a intenção de nos ofender. Podemos tirar grande proveito dessas lições, porque o "nada se perde" inclui tudo o que se manifesta em nossos caminhos. Quando soubermos aproveitar todos os acontecimentos em nosso roteiro, estaremos nos iniciando verdadeiramente na senda de uma vida melhor. Isso é adquirir saúde. Isso é curar os nossos desequilíbrios.
Convida-nos o bom senso, aquele que dirige os impulsos do coração e da inteligência, a nunca servirmos de juízes diante das fraquezas alheias, induzindo-nos, porém, a fortalecer o tribunal da própria consciência, para que a justiça dentro de nós se estabeleça, acompanhada de auto domínio e de autoanálise. Juntamente com o tempo que gastamos na observação do comportamento alheio, perdemos os meios de nos educarmos, no que tange às nossas grandes necessidades.
Quem desconhece os seus erros certamente é ignorante, no entanto, quem é consciente das próprias faltas e deficiências e investe contra os desequilíbrios dos semelhantes, transforma-se em carrasco dos faltosos, aumentando ainda mais o seu fardo, com o mal causado pela sua maledicência.
A cura verdadeira depende do nosso comportamento diante da vida. Observai os sentimentos que possuís e vede qual deles está precisando de reparo à luz do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Começai hoje mesmo a estimulá-lo no bem, para que a caridade com Jesus vibre em vosso coração permanentemente.
Grande parte das doenças chamadas "incuráveis" são, na realidade, desarmonia do corpo, ou dos corpos, onde se manifesta a alma. Pode acontecer que uma só pessoa esteja atacada por várias enfermidades ou com enxaqueca permanente por faltar com a observância no campo da sua própria saúde. É, pois, o desleixo na obediência às leis naturais que desregulam a harmonia. Acontece, também, que espíritos de certa elevação, ao reencarnarem, pediram determinadas enfermidades para lhes garantir o equilíbrio diante de algumas fraquezas que ainda sentem nos corações e na alma.
Nós todos estamos em busca de aperfeiçoamento, que se encontra muito distante da nossa atual morada e mais ainda do céu, que deveremos estabelecer no nosso mundo interno. O clima do completista é o da tranquilidade imperturbável na consciência. Não devemos parar de trabalhar em todos os sentidos para o cultivo dos sentimentos, porque eles marcam a nossa vida na vida de Deus e falam de Jesus para os que nos acompanham, se somente manifestarem o amor e a caridade.
Quando entendermos que a cura de nós mesmos está ao alcance das nossas próprias mãos, já estaremos sentindo os primeiros raios de sol da Verdade.
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Miramez
João Nunes Maia
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