quinta-feira, 6 de agosto de 2015

"Vidas Passadas"



Quem fui, ontem?

Vazando o véu do esquecimento, indago-me quase que aflitamente:

Príncipe ou Mendigo?

Santo ou Pecador?

Juiz ou Réu?

Bom ou Mau?

Nenhuma resposta me satisfaz.
Todas são vagas demais.

Meus familiares, não sei se foram verdugos ou as pobres vítimas de outrora.

Sei, apenas, que nos suportamos uns aos outros, buscando um clima de coexistência pacífica.

Vivemos juntos, nem sempre no mesmo plano mental.

Após tanta indagação, comecei por contentar-me em ver, nas minhas tendências mas, o que devo corrigir em mim mesmo.

Devo renovar-me, resignando-me em não perquirir muito sobre vidas passadas, a fim de não quedar-me em delírios de culpa.
Revolver o pretérito poderia ser um reacender de ódios mal curados, um reavivar de chagas mal cicatrizadas.

Aquela que me amamentou com desvelo poderia ter identificado em mim o seu perseguidor de ontem.

E que faria, então, se tivesse de ofertar a sua própria seiva a quem lhe trouxe tanta dor?

Não fui príncipe, porque tenho tendência de mendigo.
Santo também não fui, porque sinto o gosto do pecado.

Talvez tenha sido um réu, reclusado justamente.

Importa-me, agora, com boas resoluções, construir o meu futuro, certo de que nada será melhor se não começar a me esforçar hoje.
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Roque Jacintho
 Livro: Meditando / Ed. Luz no Lar





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