domingo, 20 de novembro de 2016

A Serpente Invisível


No campo do serviço cristão, mesmo nos arraiais do Espiritismo Evangélico, tudo é alegria e esperança enquanto há céu azul.

Diante do sol reconfortante e amigo, é doce a expectativa, em torno do futuro, e sob o pálio estrelado da noite tranquila é mais belo sonhar com a vida noutros mundos.

Então, os aprendizes são firmes na confiança e seguros nas promessas.

A natureza se faz o trono de Deus, a expressar-se em prodígios de sabedoria e as criaturas são almas irmãs em demonstrações recíprocas de entendimento e de amor.

Entretanto, quando as nuvens se adensam no horizonte e a tormenta desaba, eis que as disposições do crente se modificam.

A preguiça – serpente invisível a se nos ocultar renitente, nas próprias almas exterioriza-se
de imediato, através de máscaras diversas.

Ante o fascínio da desculpa incondicional às ofensas alheias, paralisa-se-nos o coração, a sugerir em forma de dignidade ferida:

- Impossível esquecer.

À frente do trabalho árduo no socorro às necessidades humanas, nosso próprio espírito enverga a túnica de pretensa humildade confundido:

- Quem sou eu para auxiliar?! ...
Sou um poço de vermes, um vaso de imperfeições!

Perante os difíceis testemunhos de paciência, costumamos exibir suposta superioridade moral e afirmarmos peremptórios:

- Não alcancei a santidade! Agora não posso mais...

Renteando com a luta aflitiva, em favor dos companheiros infelizes, junto aos quais a vida nos pede recapitulação de atitudes e ensinamentos, adotamos imaginária fadiga e gritamos sem razão:

- Fiz o que pude! Que outros agora venham à liça para a cooperação fraternal.

Diante da prestação de serviço urgente ao próximo, habituamo-nos frequentemente a esposar preocupações falsas no tempo e alegamos petulantes:

- Amanhã! Amanhã cuidaremos disso.

 Se te interessas realmente pela própria renovação, à luz do Evangelho, anota o momento que voa e não menosprezes o ensejo sublime de ser mais útil.

  Recorda que a ociosidade mental é antiga serpente sedutora, asfixiando-nos a vida e somente em lhe olvidando o veneno suave e mortífero, trabalhando e servindo sempre, é que conseguiremos assimilar o ideal da perfeição com Jesus, nosso Mestre e Senhor.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Construção do amor 



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