Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas será que você já pensou nas facilidades em suas mãos?
Observemos.
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da multa legal, com expressiva taxa pelo consumo de luz e força elétrica; todavia, a usina solar que lhe fornece claridade, calor e vida, nem é assinalada comumente pela sua memória...
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias...
Você estipendia na feira, com apreciáveis somas, todo gênero alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio - elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo - é utilizado em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação...
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o guarda-roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve ao corpo de carne a resguardar-lhe o espírito...
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de um só dente artificial; entretanto, nada despendeu para obter a dentadura natural completa...
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça; todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante, os mais complicados pensamentos...
Você gasta quantias estimáveis para assistir a esse ou àquele espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de flores e o céu faiscante de estrelas...
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral; no entanto, ouve diariamente a divina música da natureza, sem consumir vintém...
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens e indenizar hospedarias, sempre que se desloca de casa; não obstante, passa-lhe despercebido o prêmio vultoso que recebeu com o próprio ingresso na romagem terrestre...
Não desespere e nem se lastime...
Atendamos à realidade, compreendendo que a alegria e a esperança, expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos básicos da vida a erguer-se, cada momento, por sinfonia maravilhosa.
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André Luiz
Chico Xavier
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MENSAGEM DO ESE:
Bem e mal sofrer
Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta.
Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte.”
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. — Lacordaire. (Havre, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 18.)
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