quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Pequenas Regras de Desobsessão



  Procure:

mais do que saber — dominar-se;

  mais do que agir — elevar;

  mais do que estudar — aprender;

  mais do que pensar — discernir;

  mais do que falar — educar;

  mais do que aconselhar — servir;

  mais do que escutar — compreender;

  mais do que perdoar — amparar;

  mais do que sofrer — resignar-se;

  mais do que amar — sublimar.

Quando nos expressamos, usando o modo imperativo do verbo, não queremos dizer que nós outros, - os amigos domiciliados no Mais Além, estejamos a cavaleiro dos obstáculos e dificuldades que oneram os companheiros do mundo.

Todos estamos ainda vinculados à Terra.

E, na Terra, tanto adoece o cientista que cria o remédio, em favor dos enfermos, quanto os clientes que lhe desfrutam os recursos da inteligência;

tanto carrega problemas o professor que ensina, quanto o aprendiz que se lhe beneficia do apoio cultural.

Assim também na desobsessão.

Todos os apontamentos que se relacionam com o assunto tanto se dirigem aos outros quanto a nós.
*******************
André Luiz
Chico Xavier



MENSAGEM DO ESE:
A paciência


A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu.

Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.

A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. — Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)

 (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IX, item 7.)




terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Querer e poder


  Quando você não possua o que deseja, você pode valorizar aquilo que tem.

  Se não consegue obter a afeição daqueles a quem mais ama, não se esqueça de se dedicar aos que amam a você, especialmente quando necessitem de seu concurso.

  Quando não se lhe faça possível criar a grande alegria que alguém lhe solicite, você pode doar a esse alguém e sorriso que menos lhe custa.

  Se não dispõe de recursos para colaborar com o muito com que estimaria brindar a essa ou àquela realização de beneficência, oferte a migalha ao seu alcance.

 O essencial não é o tamanho do bem que se queira e, sim, o tamanho do amor que você coloque no bem que se decida a fazer.
**************************
 André Luiz 
Chico Xavier



MENSAGEM DO ESE:
A parentela corporal e a parentela espiritual



Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.) 

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: “Eis aqui meus verdadeiros irmãos.” Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.
**************************
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 8.)

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

DECISÕES DIFÍCEIS



Sempre que tenhas de tomar qualquer decisão difícil, envolvendo a vida e as pretensões de alguém, busca fazê-lo da maneira mais isenta possível.

Não defendas o teu ponto de vista, intentando arrasar quem pensa diferente de ti.

Se as ideias podem ser discutidas, as pessoas devem ser respeitadas.

Se o médico não soubesse separar a doença do doente, em vez de exímio cirurgião que salva, ele não passaria de mero fornecedor de atestados de óbito.

Quando a defesa da Verdade se transforma em caso pessoal, a paixão distorce a realidade e comete injustiça.

No combate às Trevas, não há necessidade de que se invista contra elas – é suficiente fazer Luz!
**********************
Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Pai, Perdoa-lhes!”)
 

MENSAGEM DO ESE:
Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição


Disse também àquele que o convidara: Quando derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós receberam. — Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos. — E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos.
Um dos que se achavam à mesa, ouvindo essas palavras, disse-lhe: Feliz do que comer do pão no reino de Deus! (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 12 a 15.)
“Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados.” Estas palavras, absurdas, se tomadas ao pé da letra, são sublimes, se lhes buscarmos o espírito. Não é possível que Jesus haja pretendido que, em vez de seus amigos, alguém reúna à sua mesa os mendigos da rua. Sua linguagem era quase sempre figurada e, para os homens incapazes de apanhar os delicados matizes do pensamento, precisava servir-se de imagens fortes, que produzissem o efeito de um colorido vivo. O âmago do seu pensamento se revela nesta proposição: “E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir.” Quer dizer que não se deve fazer o bem tendo em vista uma retribuição, mas tão-só pelo prazer de o praticar. Usando de uma comparação vibrante, disse: Convidai para os vossos festins os pobres, pois sabeis que eles nada vos podem retribuir. Por festins deveis entender, não os repastos propriamente ditos, mas a participação na abundância de que desfrutais.
Todavia, aquela advertência também pode ser aplicada em sentido mais literal. Quantos não convidam para suas mesas apenas os que podem, como eles dizem, fazer-lhes honra, ou, a seu turno, convidá-los! Outros, ao contrário, encontram satisfação em receber os parentes e amigos menos felizes. Ora, quem não os conta entre os seus? Dessa forma, grande serviço, às vezes, se lhes presta, sem que o pareça. Aqueles, sem irem recrutar os cegos e os estropiados, praticam a máxima de Jesus, se o fazem por benevolência, sem ostentação, e sabem dissimular o benefício, por meio de uma sincera cordialidade.

 ------------------
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, itens 7 e 8.)


domingo, 7 de janeiro de 2018

NÃO É DAS MELHORES




Se alguém te envenena o espírito contra determinada pessoa que tenha te criticado, não deixes de procurá-la para ouvir a sua versão a respeito dos fatos.

Na boca maledicente, a realidade sempre se distorce e se agrava.

Não dês crédito excessivo a quem se empenha a contar-te o que foi dito contra ti.

As pessoas de alguma elevação espiritual sempre pugnam no sentido de desfazer mal-entendidos ou de amenizar situações de conflito.

Se aparece quem se dispõe a narrar-te, com riqueza de detalhes, falatórios a teu respeito, convence-te de que a sua intenção também não é das melhores.

O amigo, quando sincero, sempre poupa o outro amigo de constrangimentos, encarregando-se ele próprio de fazer a defesa do companheiro que está sendo atacado e, a todo custo, preservar a sua paz.
----------------------------------------------------------
Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Pai, Perdoa-lhes!”)

MENSAGEM DO ESE:
A lei de amor


O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra — amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.

O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.

Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. — Lázaro. (Paris, 1862.)

 **************************
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 8.)



sábado, 6 de janeiro de 2018

ECOLOGIA DO ESPÍRITO




 Não ignores que os teus pensamentos sombrios se projetam na atmosfera, envenenando o ar que respiras e ocasionando doenças de difícil diagnóstico e tratamento.

Vibrações de ódio formam espessas nuvens que se rebentarão em tempestades de violência e destruição.

Sentimentos de rancor são emanações deletérias que, inclusive, contaminam os alimentos de que te nutres.

Quando te referires à degradação ambiental, não imagines que ela se restrinja apenas e tão-somente aos reinos inferiores da Natureza.

Através de processos de vampirização psíquica que desconsideras, o homem encarnado ou desencarnado é sempre o maior predador do próprio homem e da vida ao seu derredor.
*************************
Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Pai, Perdoa-lhes!”)



MENSAGEM DO ESE:
Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus


Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. — Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome? — Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniqüidade. (S. MATEUS, cap. VII, vv. 21 a 23.)

Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente que construiu sobre a rocha a sua casa. — Quando caiu a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos sobre a casa; ela não ruiu, por estar edificada na rocha. — Mas, aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, se assemelha a um homem insensato que construiu sua casa na areia. Quando a chuva caiu, os rios transbordaram, os ventos sopraram e a vieram açoitar, ela foi derrubada; grande foi a sua ruína. (S. MATEUS, cap. VII, vv. 24 a 27. — S. LUCAS, cap. VI, vv. 46 a 49.)

Aquele que violar um destes menores mandamentos e que ensinar os homens a violá-los, será considerado como último no reino dos céus; mas, será grande no reino dos céus aquele que os cumprir e ensinar. — (S. MATEUS, cap. V, v.19.)

Todos os que reconhecem a missão de Jesus dizem: Senhor! Senhor! — Mas, de que serve lhe chamarem Mestre ou Senhor, se não lhe seguem os preceitos? Serão cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração. Pela forma poderão impor-se aos homens; não, porém, a Deus. Em vão dirão eles a Jesus: “Senhor! não profetizamos, isto é, não ensinamos em teu nome; não expulsamos em teu nome os demônios; não comemos e bebemos contigo?” Ele lhes responderá: “Não sei quem sois; afastai-vos de mim, vós que cometeis iniqüidades, vós que desmentis com os atos o que dizeis com os lábios, que caluniais o vosso próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério. Afastai-vos de mim, vós cujo coração destila ódio e fel, que derramais o sangue dos vossos irmãos em meu nome, que fazeis corram lágrimas, em vez de secá-las. Para vós, haverá prantos e ranger de dentes, porquanto o reino de Deus é para os que são brandos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade das vossas palavras e das vossas genuflexões. O caminho único que vos está aberto, para achardes graça perante ele, é o da prática sincera da lei de amor e de caridade.”

São eternas as palavras de Jesus, porque são a verdade. Constituem não só a salvaguarda da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranqüilidade e da estabilidade nas coisas da vida terrestre. Eis por que todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a rocha. Os homens as conservarão, porque se sentirão felizes nelas. As que, porém, forem uma violação daquelas palavras, serão como a casa edificada na areia: o vento das renovações e o rio do progresso as arrastarão.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, itens 6 a 9.)



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

DEDO EM RISTE


Tudo o que nos outros criticas, com o intuito de denegrir-lhes a imagem, tenderás a repetir em teu comportamento.

É que os erros que, sem caridade, apontamos em alguém, costumam visitar-nos dentro da própria casa.

Em ti ou nos teus familiares, verás emergir, de improviso, os desvios e mazelas que censuras na vida de teus semelhantes.

Quase sempre, a fim de que aprenda condescendência em relação aos outros, é pela própria boca que o homem profere a sentença que se destinará a cumprir.

Evita, pois, viver de dedo em riste na direção de quem seja, porque quem julga sem misericórdia, também, um dia, verá a si mesmo sentado no banco dos réus."
 ***********************
  Irmão José 
Carlos Baccelli


MENSAGEM DO ESE:
Parábola do festim de bodas


Falando ainda por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, — despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. — O rei despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados: Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de campo, outro para o seu negócio. — Os outros pegaram dos servos e os mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. — Sabendo disso, o rei se tomou de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade.

Então, disse a seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes. — Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa.
Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, — disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. — Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; — porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)

O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da casa. “As parábolas”, diz ele, o incrédulo, “são, sem dúvida, imagens; mas, ainda assim, mister se torna que não ultrapassem os limites do verossímil”.

Outro tanto pode ser dito de todas as alegorias, das mais engenhosas fábulas, se não lhes forem tirados os respectivos envoltórios, para ser achado o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais vulgares da vida e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha por objeto fazer penetrar nas massas populares a idéia da vida espiritual, parecendo muitas ininteligíveis, quanto ao sentido, apenas por não se colocarem neste ponto de vista os que as interpretam.

Na de que tratamos, Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo e alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.

Era crença comum aos judeus de então que a nação deles tinha de alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.

Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a idéia da unidade de Deus, essa idéia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte nenhuma foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados que ocultavam seus conhecimentos sob um véu de mistério, impenetrável para as massas populares. Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual “tão numerosa quanto as estrelas do firmamento”. Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera.

Fora, contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros.

São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta: “Vendo isso, o Senhor mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus.” Queria dizer desse modo que a palavra ia ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos ao festim, em lugar dos primeiros convidados.

Mas não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.

 **************************************
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, itens 1 e 2.)



quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Não esqueça o principal



"Aquele que não faz silêncio interior, que não consegue fazer o auto encontro, que não possui serenidade para admirar uma paisagem, não sabe orar e, por conseguinte, não encontra DEUS. 
Jesus estabeleceu: o Reino de DEUS está dentro de vós (Lucas, 17: 21). 
Daí a necessidade urgente do indivíduo se concentrar, manter o foco, meditar e refletir. 
Contudo, enquanto se mantiver preso como um viciado à tecnologia necessitando fugir de si mesmo a cada segundo, sem conseguir sequer manter uma conversa pessoal sem recorrer a aparelhos eletrônicos a cada passo, não passará de simples esboço do Homem Integral a caminho da felicidade."
*******************************
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. 
Livro: Ilumina-te
MENSAGEM DO ESE:
Abandonar pai, mãe e filhos

Aquele que houver deixado, pelo meu nome, sua casa, os seus irmãos, ou suas irmãs, ou seu pai, ou sua mãe, ou sua mulher, ou seus filhos, ou suas terras, receberá o cêntuplo de tudo isso e terá por herança a vida eterna. (S. MATEUS, cap. XIX, v. 29.)

Então, disse-lhe Pedro: Quanto a nós, vês que tudo deixamos e te seguimos. — Jesus lhe observou: Digo-vos, em verdade, que ninguém deixará, pelo reino de Deus, sua casa, ou seu pai, ou sua mãe, ou seus irmãos, ou sua mulher, ou seus filhos — que não receba, já neste mundo, muito mais, e no século vindouro a vida eterna. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 28 a 30.)

Disse-lhe outro: Senhor, eu te seguirei; mas, permite que, antes, disponha do que tenho em minha casa. — Jesus lhe respondeu: Quem quer que, tendo posto a mão na charrua, olhar para trás, não esta apto para o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 61 e 62.)

Sem discutir as palavras, deve-se aqui procurar o pensamento, que era, evidentemente, este: “Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas as considerações humanas”, porque esse pensamento está de acordo com a substância da doutrina de Jesus, ao passo que a idéia de uma renunciação à família seria a negação dessa doutrina.

Não temos, aliás, sob as vistas a aplicação dessas máximas no sacrifício dos interesses e das afeições de família aos da Pátria? Censura-se, porventura, aquele que deixa seu pai, sua mãe, seus irmãos, sua mulher, seus filhos, para marchar em defesa do seu país? Não se lhe reconhece, ao contrário, grande mérito em arrancar-se às doçuras do lar doméstico, aos liames da amizade, para cumprir um dever? É que, então, há deveres que sobrelevam a outros deveres.

Não impõe a lei à filha a obrigação de deixar os pais, para acompanhar o esposo? Formigam no mundo os casos em que são necessárias as mais penosas separações. Nem por isso, entretanto, as afeições se rompem.

O afastamento não diminui o respeito, nem a solicitude do filho para com os pais, nem a ternura destes para com aquele. Vê-se, portanto, que, mesmo tomadas ao pé da letra, excetuado o termo odiar, aquelas palavras não seriam uma negação do mandamento que prescreve ao homem honrar a seu pai e a sua mãe, nem do afeto paternal; com mais forte razão, não o seriam, se tomadas segundo o espírito. Tinham elas por fim mostrar, mediante uma hipérbole, quão imperioso é para a criatura o dever de ocupar-se com a vida futura. Aliás, pouco chocantes haviam de ser para um povo e numa época em que, como conseqüência dos costumes, os laços de família eram menos fortes, do que no seio de uma civilização moral mais avançada. Esses laços, mais fracos nos povos primitivos, fortalecem-se com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso moral. A própria separação é necessária ao progresso. Assim as famílias como as raças se abastardam, desde que se não entrecruzem, se não enxertem umas nas outras. É essa uma lei da Natureza, tanto no interesse do progresso moral, quanto no do progresso físico.

Aqui, as coisas são consideradas apenas do ponto de vista terreno. O Espiritismo no-las faz ver de mais alto, mostrando serem os do Espírito e não os do corpo os verdadeiros laços de afeição; que aqueles laços não se quebram pela separação, nem mesmo pela morte do corpo; que se robustecem na vida espiritual, pela depuração do Espírito, verdade consoladora da qual grande força haurem as criaturas, para suportarem as vicissitudes da vida.

 *****************************
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIII, itens 4 a 6.)

A marcha da criação ao “Reino Angélico”
 Arnaldo Grecco Muniz

O Espírito é o princípio inteligente do Universo. O Espírito é criado pela vontade de Deus; criado simples com potencial a serem desenvolvidos na sua futura existência infinita. No momento dessa criação, Deus coloca uma “partícula” da Sua Consciência no seu filho criado. Esta partícula individual de Deus é conhecida como “Centelha Divina”, ela está presente em todos os seres orgânicos e inorgânicos do Universo. Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima, eles nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.

A lei de atração é a mesma para todos os seres, ela une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos inorgânicos. A matéria é sempre a mesma, porém nos corpos orgânicos ela está animalizada (ela tem alma).

A causa da animalização da matéria é a sua união com o princípio vital. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria. A fonte do princípio vital é o fluido universal que contém o fluido magnético ou fluido elétrico animalizado. O princípio vital dá a vida a todos os seres que o absorvem. O princípio vital sem a matéria, não se define como uma vida; do mesmo modo que a matéria não possui vida sem o princípio vital. A vitalidade não se desenvolve senão com o corpo. A união dos dois é necessária para produzir a vida. A vitalidade se acha em estado latente ou adormecida quando não está unido ao corpo.

O conjunto dos órgãos humano funciona sob o mecanismo impulsionado pelo princípio vital. O Esgotamento dos órgãos causa a morte dos seres orgânicos. Após a morte, as células materiais dos seres orgânicos se decompõem para formarem novos organismos e o princípio vital volta à massa donde saiu. 

A fonte da inteligência provém do Criador do Universo. Os espíritos estão definidos como os seres inteligentes da criação povoando o Universo, fora do mundo material.

Os Espíritos são os filhos de Deus, criados simples e sem conhecimento.  O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita. A missão dos Espíritos é o aprendizado e a prática dos ensinamentos de Deus resumidos no amor a si próprio, amor ao próximo e a Deus sobre todas as coisas.  

Deus criou e cria sempre segundo a Sua própria vontade. Aqueles que foram criados no inicio constituem os seres mais velhos, experientes e sábios que se encontram mais evoluídos moral e intelectualmente compondo as ordens Superiores dos Anjos, Arcanjos, Potestades, Principados de Deus.

Aqueles que ainda se esforçam para obtenção da sua iluminação continuam com as oportunidades e possibilidades de utilizarem-se do processo da reencarnação para conquistarem o direito do aperfeiçoamento moral e intelectual. Graças ao bloqueio do seu passado, o Espírito terá maiores oportunidades de viver reencarnado no entorno das pessoas comprometidas no pretérito e promoverem a reconciliação necessária. A evolução do Espírito também se processa quando se encontra desencarnado, as dificuldades serão maiores, eles estarão frente a frente com os seus adversários ou inimigos. A encarnação dos Espíritos para uns é uma expiação; para outros uma missão.

Assim como Deus coloca “Sua Centelha Divina” para colaborar e facilitar a evolução do Espírito encarnado ou desencarnado, em contra partida cada ser cria, por vontade própria, o seu “Ego” para administrar seu orgulho e egoísmo. Enquanto houver resistência do “Ego” em não ceder à “Centelha Divina” o auxílio que ele necessita para a sua evolução, o Espírito padecerá sofrimentos incontáveis. Jesus afirmava aos seus apóstolos que Deus está em cada um de nós, basta senti-Lo e respeitá-Lo. Para se livrarem da encarnação na matéria os Espíritos precisam alcançar a perfeição, depois de sofrerem todas as vicissitudes necessárias à remissão de suas faltas e conquistarem o direito da libertação da existência corporal e se promoverem à vida nos planos superiores. 

A marcha do “princípio inteligente” para o “reino humano” e sua trajetória da “consciência humana” para o “Reino Angélico” simbolizam a expansão e evolução em milênios de séculos de vida para o Espírito (alma), a criatura de Deus que, por força da Lei Divina, merecerá, com o próprio esforço e trabalho, a auréola da imortalidade em pleno Céu.
************************************
Fonte: livro: “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec
Arnaldo Grecco Muniz – escreve às 5ª feiras na coluna “Dia a Dia” do Jornal “Folha da Manhã” - pesquisador e editor dos jornais informativos: “Educação e Evolução da Alma” do CEEEU e “Renovação” da AESA