domingo, 14 de maio de 2023

Mãe



Um dia, a Mulher solitária e atormentada chegou ao Céu e, rogando-se, em lágrimas, diante do Eterno Pai, suplicou:

- Senhor, estou só! Compadece-te de mim.

Meu companheiro fatigado, cada dia, pede-me repouso e devo velar-lhe o sono!

Quando triunfa no trabalho, absorve-se na atividade mais intensa e, muita vez distraído,
afasta-se do Lar, onde volta somente quando exausto, a fim de refazer-se.
Se sofre, vem a mim, abatido buscando restauração e conforto...

Tu, que deste flores ao arvoredo e que abriste as carícias da fonte, no seio escuro e ressequido do solo, consagras-me, assim, ao isolamento?
Reservaste a Terra inteira ao serviço do homem que se agita, livre e dominador, sobre montes e vales, e concedes a mim apenas o estreito recinto da casa, entre quatro paredes, para meditar e
afligir-me sem consolo?
Se sou a companhia do homem, que se vale de mim para lutar e viver, quem me acompanhará na missão a que me destinas?

O Senhor sorriu, complacente, em seu trono de estrelas fulgurantes e, afagando-lhe a cabeça curvada e trêmula, falou compadecido:

-" Dei o Mundo ao homem, mas confiarei a Vida ao teu coração".

Em seguida colocou-lhe nos braços uma frágil criança.

Desde então, a Mulher fez-se Mãe e passou a viver plenamente feliz.

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Meimei
Chico Xavier 
Obra: Luz no lar
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14 de maio

Procurando com afinco você certamente encontrará o que procura, a unidade coMigo, a Fonte de toda a vida.

Mas você tem que procurar com calma.

Essa unidade não vai acontecer de graça, sem que você deseje Me conhecer; será preciso conhecer a verdade e entender o que ela realmente significa para você.

A profunda experiência espiritual de sabedoria interna só é revelada para as almas desejosas do saber; portanto, não fique brincando com suas experiências espirituais.

Depende de você levá-las a sério e interiorizá-las.

A vida é completamente vazia e fútil até que você comece a vivê-la plenamente, testando para verificar se esta vida espiritual é possível e vantajosa de ser vivida.

Comece agora.

Nada de espiritualidade preguiçosa; que seja uma espiritualidade viva, vibrante e visível para todos.

Deixe que Eu veja você começar a viver agora.

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Abrindo Portas Interiores
Eileen Caddy
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MENSAGEM DO ESE:

A beneficência (II)

Sede bons e caridosos: essa a chave dos céus, chave que tendes em vossas mãos. Toda a eterna felicidade se contém neste preceito: “Amai-vos uns aos outros.” Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação. Sede bons, amparai os vossos irmãos, deixai de lado a horrenda chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, abrir-se-vos-á o caminho da felicidade eterna. Ao demais, qual dentre vós ainda não sentiu o coração pulsar de júbilo, de íntima alegria, à narrativa de um ato de bela dedicação, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se unicamente buscásseis a volúpia que uma ação boa proporciona, conservar-vos-íeis sempre na senda do progresso espiritual. Não vos faltam os exemplos; rara é apenas a boa-vontade. Notai que a vossa história guarda piedosa lembrança de uma multidão de homens de bem.

Não vos disse Jesus tudo o que concerne às virtudes da caridade e do amor? Por que desprezar os seus ensinamentos divinos? Por que fechar o ouvido às suas divinas palavras, o coração a todos os seus bondosos preceitos? Quisera eu que dispensassem mais interesse, mais fé às leituras evangélicas. Desprezam, porém, esse livro, consideram-no repositório de palavras ocas, uma carta fechada; deixam no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm todos do abandono voluntário a que votais esse resumo das leis divinas. Lede-lhe as páginas cintilantes do devotamento de Jesus, e meditai-as.

Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei da vossa brandura, da vossa fé, as vossas armas. Sede mais persuasivos, mais constantes na propagação da vossa nova doutrina. Apenas encorajamento é o que vos vimos dar; apenas para vos estimularmos o zelo e as virtudes é que Deus permite nos manifestemos a vós outros. Mas, se cada um o quisesse, bastaria a sua própria vontade e a ajuda de Deus; as manifestações espíritas unicamente se produzem para os de olhos fechados e corações indóceis.

A caridade é a virtude fundamental sobre que há de repousar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem a caridade não há esperar melhor sorte, não há interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, pois a fé não é mais do que pura luminosidade que torna brilhante uma alma caridosa.

A caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador; é a sua própria virtude, dada por ele à criatura. Como desprezar essa bondade suprema? Qual o coração, disso ciente, bastante perverso para recalcar em si e expulsar esse sentimento todo divino? Qual o filho bastante mau para se rebelar contra essa doce carícia: a caridade?

Não ouso falar do que fiz, porque também os Espíritos têm o pudor de suas obras; considero, porém, a que iniciei como uma das que mais hão de contribuir para o alívio dos vossos semelhantes. Vejo com freqüência os Espíritos a pedirem lhes seja dado, por missão, continuar a minha tarefa. Vejo-os, minhas bondosas e queridas irmãs, no piedoso e divino ministério; vejo-os praticando a virtude que vos recomendo, com todo o júbilo que deriva de uma existência de dedicação e sacrifícios. Imensa dita é a minha, por ver quanto lhes honra o caráter, quão estimada e protegida é a missão que desempenham. Homens de bem, de boa e firme vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade; no exercício mesmo dessa virtude, encontrareis a vossa recompensa; não há alegria espiritual que ela não proporcione já na vida presente. Sede unidos, amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja.

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— S. Vicente de Paulo. (Paris, 1858.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 12.)
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Quando Começa uma Vida?


...Desde o exato momento da fecundação

Primeira Semana (07 dias)

Fecundado o óvulo, já nasce para a vida, um homem novo. Único, é irrepetível.

Segunda Semana (14 dias)

Este novo ser já tem todas as características próprias da sua personalidade, só faltando desenvolvê-las. Uma vida começa a receber alimento da mãe.

Entre 3ª e 4ª Semana (14 a 28 dias)

Começam a ter forma: os olhos, a coluna vertebral, o cérebro, os pulmões, o estômago, o fígado e os rins. O coração começa a funcionar.

Quarta Semana (28 dias)

Estão se formando: a cabeça, os braços e as pernas. A coluna vertebral está completa. O coração já está trabalhando!

Quinta Semana (35 dias)

O tórax vai se separando do abdômen. Os olhos já têm retina e cristalino. Os ouvidos começam a formar-se. Aparecem os dedos das mãos e dos pés.

Entre a 6ª e a 8ª Semana (42 a 56 dias)

Todos os órgãos estão completos. A cabeça está desenvolvida e formados o rosto, a boca e a língua. O cérebro está completo. O bebê pode sentir cócegas!

Oitava Semana (56 dias)

Os dedos dos pés e das mãos já estão completos e têm as impressões digitais... as mesmas que figurarão em seus documentos! Os impulsos do cérebro são registrados. Agora, pode agarrar com a mão.

Entre a 11ª e a 12ª Semana (77 a 84 dias)

Todos os sistemas funcionam. Músculos e nervos se sincronizam. Os braços e as pernas se movem. Começam a aparecer as unhas. Já pesa 29 gramas. Tem, somente, três meses e, já, está formado. Sente a dor. Tem apego à vida... Só, lhe falta crescer!

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Luiz Sérgio 
(Do livro “Deixem-me Viver)
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TROVAS DE MÃE

Autora:
Delfine Benigna da Cunha
Chico Xavier
Obra: Luz no Lar




 


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CONFISSÃO MATERNA


Sou trazida a narrar-vos triste episódio de minha derradeira experiência no mundo.

Onde, porém, as palavras que me possam exprimir a desolação?

Ainda assim, amigos espirituais asseveram que devo falar às mães, e obedeço...

A Providência Divina honrou-me o coração, concedendo-me um Lar na Terra, mas, dentro
dele, era eu a irritação em movimento.

Nunca cheguei a examinar minha cegueira de espírito. Em minha inquietação e egoísmo,
dedicava-me a descobrir as faltas alheias. Respirando, entre a maledicência e a desconfiança, notava golpes nos mínimos gestos de amizade espontânea.

O próprio tempo não escapava. Toda temperatura, no curso de cada dia, me encontrava
despejando condenação:

– A chuva ensopa...
– O calor asfixia...
– Vento de peste...
– Melhor que o frio nos mate a todos...

Qualquer bagatela me arrancava blasfêmias:

– Deus não me atende!...
– Não oro mais...
– Porque não morri, na hora do nascimento?
– De todas as mulheres, sou a mais infeliz...

Alimentando a ira por vício, estimava que os outros me acreditassem enferma, sem perceber que me transformava, a pouco e pouco, em fera humana, sob a jaula da pele.

Se meu esposo, leal e amigo, surgia calmo, esbravejava contra ele, acusando-o de inerte; se ponderava quanto a despesas desnecessárias, chamava-lhe, de imediato, unha-de-fome; se me estendia alguma dádiva menos cara, interpretava-lhe a gentileza por sovinice; se me ofertava uma lembrança de preço, queixava-me da mesma forma, gritando-lhe em rosto que ele nunca passara de um mané gastador...

Foi nessa disposição insensata que me ergui, excitada, no dia terrível da provação.

Ás sete da manhã, acordei meu filhinho de oito anos para as lides da escola e escutei-o a choramingar :

– Estou doente, mãezinha, hoje quero ficar com a senhora, não posso sair, tenho dor de cabeça...

Precipitada, frenética, não me contive e bradei:

– Preguiçoso! Trate de levantar-se! Doente com essa cara! Era só o que faltava... Chega o que sofro!...

– Mãezinha, deixe que eu fique! Hoje só...

– Levante-se, levante-se, menino!

Transtornada, sentei-o à força.
Ordenei-lhe que se calçasse, ao que se opor, pedindo, suplicante:

– Mamãe, não me deixe ir!... Hoje só...

Encolerizada, tornei de um dos seus sapatos, colocando-o no pé, com a violência de quem espanca, e ouvi-o clamar em altos gemidos

– Ai! ai, mãezinha!... um espinho, um espinho.

Sujeitei-o, com mais energia, ao calçado, alegando, arbitrária :

– Malandro, não me venha com mentiras! Escola ou surra!...

Nisso, porém, meu filhinho empalideceu e desmaiou... Retirei o sapato e vi que um escorpião, escondido no fundo, lhe descarregara todo o veneno...

Ó Deus de Infinita Bondade, tu que foste imensamente piedoso para confiar um anjo a uma leoa, porque não eliminaste a leoa para que o anjo conseguisse viver?!...

O que se passou, alcança o indescritível.
Apesar de toda a medicação, em breve tempo minha ternura, que a dor desentranhara ao rebentar-me a coração de pedra, apertava simplesmente um cadáver miúdo, de encontro ao peito...

As horas no relógio continuaram as mesmas; entretanto, de minha parte, não mais me reconheci.

“Ai! ai, mãezinha!... um espinho, um espinho!...”
Aquelas palavras gemidas cresceram em minha alma. Jamais o equilíbrio, não mais a esperança. Minha cabeça encaneceu, meu pensamento destrambelhou... Chorei até que meus olhos parassem, alucinados, na noite da loucura; acusei-me, até que o manicômio me asilasse e até que o manicômio me escondesse, piedoso, o agoniado transe da morte!...

Desencarnada, encontrei a mim própria, dementada, atormentada, arrependida, padecente...
Amparada por benditos mensageiros da caridade, tenho recolhido o consolo de vários círculos consagrados à prece.

Dizem que os supostos mortos devem falar às criaturas em aprendizado na Terra, para que as criaturas da Terra lhes aproveitem o aprendizado.

Será talvez por isso que, hoje, algo reanimada para abraçar o trabalho reeducativo que me espera, estou sustentada por benfeitores, entre os vossos ouvidos, não somente para rogar-vos um pensamento de auxilio, mas também para repetir às irmãs, a quem Deus confiou as alegrias do Lar:

– Mães que pisais no mundo, compadecei-vos de vossos filhos!... Corrigi, amando! Ensinai, servindo! À frente de qualquer dificuldade, conservai a paciência e cultivai a oração!...

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Dulce
Chico Xavier 
Obra: Luz no lar
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PRECE A MÃE SANTÍSSIMA

Mãe Santíssima!...

Enquanto as mães do mundo são reverenciadas, deixa te recordemos a pureza incomparável e o exemplo sublime...

Soberana, que recebeste na palha singela o Redentor da Humanidade, sem te rebelares contra as mães felizes, que afagavam espíritos criminosos em palácios de ouro, ensina-nos a entesourar as bênçãos da humanidade.

Lâmpada de ternura, que apagaste o próprio brilho para que a luz do Cristo fulgurasse entre os homens, ajuda-nos a buscar na construção do bem para os outros o apoio de nossa própria felicidade.

Benfeitora, que te desvelaste, incessantemente, pelo Mensageiro da Eterna Sabedoria, sofrendo-lhe as dores e compartilhando-lhe as dificuldades, sem qualquer pretensão de furta-lo aos propósitos de Deus, auxilia-nos a extirpar do sentimento as raízes do egoísmo e da crueldade com que tantas vezes tentamos reter na inconformação e no desespero os corações que mais amamos.

Senhora, que viste na cruz da morte o Filho Divino, acompanhando-lhe a agonia com as lágrimas silenciosas de tua dor, sem qualquer sinal de reclamação contra os poderes do Céu e sem qualquer expressão de revolta contra as criaturas da terra, conduze-nos para a fé que redime e para a renúncia que eleva.

Missionária, salva-nos do erro.

Anjo, estende sobre nós a níveas asas!...

Estrela, clareia-nos a estrada com teu lume...

Mãe querida, agasalha-nos a existência em teu manto constelado de amor!...

E que todas nós, mulheres desencarnadas e encarnadas em serviço na terra, possamos repetir, diante de Deus, cada dia, a tua oração de suprema felicidade:

“- Senhor, eis aqui tua serva, cumpra-se em mim segundo a tua palavra”.

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Anália Franco
Chico Xavier
Livro: Vozes do Grande Além
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Retrato de Mãe


Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus;
e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo;
que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha , age com as forças todas da juventude;
quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;
pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e,
rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;
forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;
viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página:

eles lhes cobrirão de beijos a fronte;
e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria Mãe.

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(Tradução de Guilherme de Almeida)
Autor: Don Ramon Angel Jara - Bispo de La Serena -Chile
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ORAÇÃO DAS MÃES


Senhor!

Abriste-me o próprio seio e confiaste-me os filhos do Teu amor.

Não me deixes sozinha na estrada a percorrer.

Nas horas de alegria, dá-me temperança.

Nos dias de sofrimento, se minha força.

Ajuda-me a governar o coração para que meu sentimento não mutile as asas dos anjos tenros que me deste e adoça-me o raciocínio para que a minha devoção afetiva não converta em severidade arrasadora.

Defende-me contra o egoísmo para que a minha ternura não transforme em prisão daqueles que asilaste em meus braços.

Ensina-me a corrigir amando, para que eu não possa trair o mandato de abnegação que depuseste em meu espírito.

Nos minutos difíceis, inclina-me à renúncia com que devo iluminar o trilho daqueles que me cercam.

Senhor auxilia-me a tudo dar sem nada receber.

Mostra-me os horizontes eternos de Tua Graça, para que os desejos da carne não me encarcerem nas sombras.

Pai, sou também Tua filha!

Guia-me nos caminhos escuros, a fim de que saiba conduzir ao infinito Bem os promissores rebentos de Tua Glória.

Senhor, não me desampares!

Quando a Tua Sabedoria exigir o depósito de bênçãos com que me adornaste a estrada por empréstimo sublime, dá-me o necessário desapego para que eu Te restitua as joias vivas do meu coração, com serenidade e alegria, e quando a vida me impuser em Teu nome, o desprendimento e a solidão, reaquece minh'alma ao calor do Teu Caminho Celeste para que eu venere a Tua vontade para sempre.
Assim seja.

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MEIMEI
Chico Xavier 
Obra: À luz da oração 
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As profissões da minha mãe


Minha mãe foi, com certeza, a mulher que mais profissões exerceu em toda sua longa vida, sem ter sequer concluído o curso fundamental.

Tudo que ela aprendeu foi nas primeiras quatro séries que cursou, quando criança. Contudo, era de uma sabedoria sem par.

Descobri que minha mãe era uma decoradora de grandes qualidades, à medida que eu crescia e observava que ela sempre tinha um local no melhor móvel da casa, para as pequenas coisas que fazíamos na escola, meu irmão e eu.

Em nossa casa, nunca faltou espaço para colocar os quadrinhos, os desenhos, os nossos ensaios de escultura em barro tosco.

Tudo, tudo ganhava um espaço privilegiado. E tudo ficava lindo, no lugar que ela colocava.

Descobri que minha mãe era uma diplomata, formada na melhor escola do mundo (nosso lar), todas as vezes que ela resolvia os pequenos conflitos entre meu irmão e eu.

Fosse a disputa pela bicicleta, pela bola, pelo último bocado de torta, de forma elegantemente diplomática ela conseguia resolver. E a solução, embora pudesse não agradar os dois, era sempre a mais viável, correta, honesta e ponderada.

Descobri que minha mãe era uma escritora de raro dom, quando eu precisava colocar no papel as idéias desencontradas de minha cabecinha infantil.

Ela me fazia dizer em voz alta as minhas idéias e depois ia me auxiliando a juntar as sílabas, compor as palavras, as frases, para que a redação saísse a contento.

Descobri que minha mãe era enfermeira, com menção honrosa, toda vez que meu irmão e eu nos machucávamos.

Ela lavava os joelhos ralados, as feridas abertas no roçar do arame farpado, no cair do muro, no estatelar-se no asfalto.

Depois, passava o produto antisséptico e sabia exatamente quando devia usar somente um pequeno band-aid, o curativo ou a faixa de gaze, o esparadrapo.

Descobri que minha mãe cursara a mais famosa Faculdade de Psicologia, quando ela conseguia, apenas com um olhar, descobrir a arte que tínhamos acabado de aprontar, o vaso que tínhamos quebrado.

E, depois, na adolescência, o namoro desatado, a frustração de um passeio que não deu certo, um desentendimento na escola.

Era uma analista perfeita. Sabia sentar-se e ouvir, ouvir e ouvir. Depois, buscava nos conduzir para um estado de espírito melhor, propondo algo que nos recompusesse o íntimo e refizesse o ânimo.

Era também pós-graduada em Teologia. Sua ciência a respeito de Deus transcendia o conteúdo de alguns livros existentes no mundo.

O seu era o ensino que nos mostrava a gota a cair da folha verde na manhã orvalhada e reconhecer no cristal puro, a presença de Deus.

Que nos apontava a fúria do temporal e dizia: Deus vela. Não se preocupem.

Que nos alertava a não arrancar as flores das campinas porque estávamos pisando no jardim de Deus. Um jardim que Ele nos cedera para nosso lazer, e que devíamos preservar.

Ah, sim. Ela era uma ecologista nata. E plantava flores e vegetais com o mesmo amor. Quando colhia as verduras para as nossas refeições, dizia: Não vamos
recolher tudo. Deixemos um pouco para os passarinhos. Eles alegram o nosso dia e merecem o seu salário.

Também deixava uns morangos vermelhinhos bem à mostra no canteiro exuberante, para que eles pudessem saboreá-los.

Era sua forma de manifestar sua gratidão a Deus pelos Seus cuidados: alimentando as Suas criaturinhas.

Minha mãe, além de tudo, foi motorista particular. Não se cansava de ir e vir, várias vezes, de casa para a escola, para a biblioteca, para o dentista, para o médico, para o teatro e de volta para casa.

Também foi exímia cozinheira, arrumadeira, passadeira, babá. E tudo isto em tempo integral.

Como ela conseguia, eu não sei.

Somente sei que agora ela está na Espiritualidade. E Deus, como recompensa, por tantas profissões desempenhadas na Terra, lhe deu uma missão muito, muito especial: a de anjo guardião dos filhos que ficaram na bendita escola terrena.

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Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep. Em 08.05.2009.
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