Thomas Forster, o médium principal da instituição espírita em Washington, era um veterano exigente.
Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinários a realizar-se em Chicago, mas não queria fazê-lo sem minuciosa seleção.
– Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristão perfeito, se pudermos classificá-lo assim – dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mãos de maestro nervoso.
– Mas você – falava Boland, o companheiro mais íntimo – não pode pedir o impossível. Os espíritas são homens e mulheres fazendo força na própria melhoria moral. Procuraremos um companheiro de hábitos simples, mas sem a preocupação de santidade.
Forster ria amarelo, mas não dava braços a torcer.
– Pode ser exigência minha, mas não mandaremos companheiro algum dos que eu conheça.
E num rasgo de rigorismo:
– Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negócios materiais e quero que a nossa casa se represente em Chicago por um espírita-cristão completo. Humilde, alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as ilusões da Terra…
– Muito difícil – observava Boland, sorrindo -, onde encontrar essa ave rara, se estamos longe do Céu?
Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava o Evangelho vira na última fila um homem de aspecto simpático, que não conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentemente ponderado e esquivo a qualquer conversação ociosa.
Após ligeiro comentário, concluiu:
– Parece-me o homem ideal; se for um espírita de convicção, pelos modos que demonstra, será o representante adequado…
Combinaram, assim, ouvi-lo na próxima sessão domingueira.
No dia aprazado, lá estava o assistente desconhecido.
Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos de atenção para depois.
E, finda a preleção, os dois amigos abeiraram-se dele.
À primeira indagação que lhe foi atirada, respondeu, calmo:
– Sim, estou fazendo o que posso para ser espírita.
Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:
– O irmão tem vida mundana ativa?
– Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contínua…
– Mas dedica-se aos sofredores?
– Tenho a vida entre os que choram.
– Escolheu, assim, o caminho da caridade cristã?
– Como não, meu amigo? Ouvir aflições e estar com os necessitados de conforto é meu simples dever…
– E ajuda a todos, em sua noção de serviço social?
– Devo servir a todos… ricos e pobres, justos e injustos, moços e velhos. Não posso fazer distinção.
Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:
– E o irmão procede assim espontaneamente?
O desconhecido sorriu e acentuou:
– Ah! Até certo ponto… Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelo menos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lágrimas!…
Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinários a realizar-se em Chicago, mas não queria fazê-lo sem minuciosa seleção.
– Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristão perfeito, se pudermos classificá-lo assim – dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mãos de maestro nervoso.
– Mas você – falava Boland, o companheiro mais íntimo – não pode pedir o impossível. Os espíritas são homens e mulheres fazendo força na própria melhoria moral. Procuraremos um companheiro de hábitos simples, mas sem a preocupação de santidade.
Forster ria amarelo, mas não dava braços a torcer.
– Pode ser exigência minha, mas não mandaremos companheiro algum dos que eu conheça.
E num rasgo de rigorismo:
– Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negócios materiais e quero que a nossa casa se represente em Chicago por um espírita-cristão completo. Humilde, alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as ilusões da Terra…
– Muito difícil – observava Boland, sorrindo -, onde encontrar essa ave rara, se estamos longe do Céu?
Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava o Evangelho vira na última fila um homem de aspecto simpático, que não conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentemente ponderado e esquivo a qualquer conversação ociosa.
Após ligeiro comentário, concluiu:
– Parece-me o homem ideal; se for um espírita de convicção, pelos modos que demonstra, será o representante adequado…
Combinaram, assim, ouvi-lo na próxima sessão domingueira.
No dia aprazado, lá estava o assistente desconhecido.
Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos de atenção para depois.
E, finda a preleção, os dois amigos abeiraram-se dele.
À primeira indagação que lhe foi atirada, respondeu, calmo:
– Sim, estou fazendo o que posso para ser espírita.
Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:
– O irmão tem vida mundana ativa?
– Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contínua…
– Mas dedica-se aos sofredores?
– Tenho a vida entre os que choram.
– Escolheu, assim, o caminho da caridade cristã?
– Como não, meu amigo? Ouvir aflições e estar com os necessitados de conforto é meu simples dever…
– E ajuda a todos, em sua noção de serviço social?
– Devo servir a todos… ricos e pobres, justos e injustos, moços e velhos. Não posso fazer distinção.
Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:
– E o irmão procede assim espontaneamente?
O desconhecido sorriu e acentuou:
– Ah! Até certo ponto… Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelo menos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lágrimas!…
Foi então que Forster veio a saber que o homem trabalhava no antigo Fort Lincoln e desempenhava as funções de coveiro.
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Hilário Silva
Waldo Vieira
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