quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O CÃO E O HOMEM





O cão possui faculdades apreciáveis, sentimentos afetivos, nobres, predominando o da fidelidade que, infelizmente, é o menos desenvolvido nos seres humanos primitivos ou pouco evoluídos. 
Ser fiel ao nosso próximo, é possuir uma das mais excelsas virtudes, a que faltou até em alguns dos discípulos do Mestre dos mestres - Jesus! 
Ter lealdade é ser amigo dedicado a outro ente, incapaz de o ludibriar; 
é ser infenso à traição - um dos mais condenáveis delitos morais.


Jamais um cão trai o seu senhor; antes, é capaz de se arrojar sobre um malfeitor e imolar a vida para defendê-lo! 
No entanto, o homem, o racional consciente, muitas vezes é infiel à consorte, aos amigos, aos próprios irmãos e pais que lhe insuflaram a vida, educaram e alimentaram, que por ele se sacrificaram com heroicidade ignorada e inexcedível. 
Revela-nos o cão notáveis virtudes: lealdade, submissão, denodo na defesa do amo, abnegação no cumprimento de seus humildes misteres, no sacrifício da vida em prol da do que o criou e alimentou. 
Não patenteia servilismo, e sim reconhecimento e fidelidade que não se podem confundir com aquele: um é treva, outro luz. 
Na maioria dos cães existem faculdades anímicas dignas de reparo, sobressaindo a da vidência e a da percepção sensitiva. 
O cão enxerga nas trevas, nos abismos da Terra e das almas, e, quase sempre, em vez de fixar a vista para devassar o ser humano, utiliza o olfato, que pressente as irradiações de quem se lhe aproxima, percebendo se são maléficas ou benéficas, as de um amigo ou adversário, pois, para ele, há como que o suave aroma de uma rosa ou a exalação nauseante do perverso que concebe espantosos delitos! 

O olfato para ele é, assim, uma segunda visão, uma percepção psíquica de grande potência, um verdadeiro portento com o qual foi dotado pela Natureza.
A sagacidade do cão é às vezes superior à do homem. 
Eis a triste conclusão a que chegamos:
ultrapassa a dos mais famosos dos investigadores racionais. 
Essa emanação psíquica, pressentida pelo cão, constitui a chamada intuição que atua também à distância, nos vegetais e em todos os seres, afetando-os, causando-lhes, em numerosos casos, o aniquilamento da vida orgânica, fenômeno esse constatado há muitos séculos, pelos romanos, que lhe deram o nome de *jetatura.
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(Espírito de Victor Hugo - Médium: Zilda Gama - Obra: Almas Crucificadas).
Nota do compilador:(*) = Jetatura = mau-olhado, azar, má sorte. Bruxaria



  


MENSAGEM DO ESE:
Pelas suas obras é que se reconhece o cristão

“Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.” 
Escutai essa palavra do Mestre, todos vós que repelis a Doutrina Espírita como obra do demônio. Abri os ouvidos, que é chegado o momento de ouvir.
Será bastante trazer a libré do Senhor, para ser-se fiel servidor seu? Bastará dizer: “Sou cristão”, para que alguém seja um seguidor do Cristo? Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. “Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons.” — “Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo.” São do Mestre essas palavras. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Que frutos deve dar a árvore do Cristianismo, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigam todos os que se hão de grupar em torno dela? Os da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O Cristianismo, qual o fizeram há muitos séculos, continua a pregar essas virtudes divinas; esforça-se por espalhar seus frutos, mas quão poucos os colhem! A árvore é boa sempre, porém maus são os jardineiros. Entenderam de moldá-la pelas suas idéias; de talhá-la de acordo com as suas necessidades; cortaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; tornados estéreis, seus ramos não dão maus frutos, porque nenhuns mais produzem. O viajor sedento, que se detém sob seus galhos à procura do fruto da esperança, capaz de lhe restabelecer a força e a coragem, somente vê uma ramaria árida, prenunciando tempestade. Em vão pede ele o fruto de vida à árvore da vida; caem-lhe secas as folhas; tanto as remexeu a mão do homem, que as crestou.
Abri, pois, os ouvidos e os corações, meus bem-amados! Cultivai essa árvore da vida, cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou vos concita a tratá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância seus frutos divinos. Conservai-a tal como o Cristo vo-la entregou: não a mutileis; ela quer estender a sua sombra imensa sobre o Universo: não lhe corteis os galhos. Seus frutos benfazejos caem abundantes para alimentar o viajor faminto que deseja chegar ao termo da jornada; não amontoeis esses frutos, para os armazenar e deixar apodrecer, a fim de que a ninguém sirvam. “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.” É que há açambarcadores do pão da vida, como os há do pão material. Não sejais do número deles; a árvore que dá bons frutos tem que os dar para todos. Ide, pois, procurar os que estão famintos; levai-os para debaixo da fronde da árvore e partilhai com eles do abrigo que ela oferece. — “Não se colhem uvas nos espinheiros.” Meus irmãos, afastai-vos dos que vos chamam para vos apresentar as sarças do caminho, segui os que vos conduzem à sombra da árvore da vida.
O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão: “Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; entrarão somente os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.” 
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe; que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore da vida vos ofereça abundantemente seus frutos! Crede e orai. 

— Simeão. (Bordéus, 1863.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, item 16.)


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