sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

DÍVIDA E TEMPO


Chico [Xavier] visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco à beira de uma mata. 

O estado de alienado mental era completo. 

A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.

O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas, em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:

— Nem mesmo neste caso a eutanásia seria perdoável?

— Não creio, doutor – respondeu-lhe o Chico. – Este nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda a sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que ele deixou o corpo, eles o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos. Este corpo disforme e mutilado representa uma bênção para ele. Foi o único jeito que a Providência Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo aguentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo às mãos de seus inimigos para que continuassem a torturá-lo.

— E como resgatará ele seus crimes? – inquiriu o médico.

— O Irmão X [Humberto de Campos] costuma dizer que Deus usa o tempo e não a violência.
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Livro: Chico, de Francisco
Adelino da Silveira
CEU – Cultura Espírita União
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MENSAGEM DO ESE: 


Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo


Jesus, tendo vindo às cercanias de Cesaréia de Filipe, interrogou assim seus discípulos: “Que dizem os homens, com relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?” — Eles lhe responderam: “Dizem uns que és João Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas.” — Perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” — Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” — Replicou-lhe Jesus: “Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que isso te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (S. Mateus, cap. XVI, vv. 13 a 17; S. Marcos, cap. VIII, vv. 27 a 30.)


Nesse ínterim, Herodes, o Tetrarca, ouvira falar de tudo o que fazia Jesus e seu espírito se achava em suspenso — porque uns diziam que João Batista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que uns dos antigos profetas ressuscitara. — Disse então Herodes: “Mandei cortar a cabeça a João Batista; quem é então esse de quem ouço dizer tão grandes coisas?” E ardia por vê-lo. (S. Marcos, cap. VI, vv. 14 a 16; S. Lucas, cap. IX, vv. 7 a 9.)


(Após a transfiguração.) Seus discípulos então o interrogam desta forma: “Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?” — Jesus lhes respondeu: “É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas: — mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem.” — Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara. (S. Mateus, cap. XVII, vv. 10 a 13; — S. Marcos, cap. IX, vv. 11 a 13.)
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos.


A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.


(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 1 a 4.) 


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Martim Gouveia, moço ainda, afeiçoara-se a pilhar residências incautas, subtraindo o que pudesse, sem nunca ter caído nas mãos das autoridades.




Naquela noite namorara atentamente uma casa fechada qual se ninguém residisse ali.




Pé-ante-pé galgou o muro do quintal e forçou a porta dos fundos.




Abriu-a com habilidade, penetrando na moradia.




Passou pela cozinha e ganhou o interior.




Procurou um dos quartos onde esperava encontrar valores maiores e empurrou de leve a porta.




Nisso, contudo, ouviu respiração estertorosa.




Julgando ser alguém que dormia ressonando, avançou mais ainda.




Admirado, vê então um vulto que se esparrama num leito.




O intruso leva a mão ao punhal. Mas ouve a voz fraca e entrecortada de um homem deitado que o vislumbra no lusco-fusco.




O desconhecido alonga os braços e fala sob forte emoção.




- Oh! Graças a Deus! Você escutou os meus gemidos, meu filho? Foram os Espíritos! Você é um enviado dos Mensageiros Divinos!...




Martim Gouveia, surpreso, abandona a ideia da arma.




Adianta-se para o velhinho que pode agora distinguir sob a luz mortiça do luar através da vidraça.




O ancião repete maravilhado:




- Oh! Graças a Deus! Meu filho, preciso muito de você... Sou paralítico e sem ninguém... Não tenho forças para gritar... Há muito tempo não recebo visitas. Você me ouviu!...




Depois de pequena pausa continuou...




- Busque um remédio... Sinto muita falta de ar... Leia algo que me conforte... Para não morrer sozinho... Você é um enviado dos Espíritos...




E porque o enfermo lhe estendesse um livro, Martim Gouveia, condoído, acendeu a luz e dispôs-se a ler, emocionado...




Era um exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo, ensebado de suor e de lágrimas.




O hóspede imprevisto leu e releu, até alta madrugada e, desde aquele instante, desistiu de assaltos e de furtos, cuidando do velhinho, administrando-lhe remédios, prestando-lhe assistência e lendo com ele os Livros Espíritas da sua predileção.




Após cinco meses, o doente desencarnou em clima de paz, deixando-lhe como herança a casa e os bens e sua alma renovada pelo exemplo de fé nos Bons Espíritos.
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Hilário Silva
Do livro Ideal Espírita, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier

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