quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O amigo injuriado


 Certa vez, alguém me contou que havia sido perseguido e injuriado, por muitos anos, por um ferrenho adversário de suas ideias. 

Ele vivia sonhando com o dia em que o seu opositor, reconhecendo os equívocos cometidos, o procurasse para pedir perdão…

 Imaginava, finalmente, ter o referido adversário aos seus pés, dando a mão à palmatória. Acalentara essa ideia de triunfo em que justiça lhe seria feita. 

 Pois bem. 

Quando já estava com os cabelos quase todos brancos, o adversário de muito tempo, também de cabelos brancos, inesperadamente o procura para o tão aguardado entendimento. 

 Confessou-lhe os seus excessos, pediu a ele que o desculpasse na inveja e no ciúme que sempre o haviam motivado no combate acirrado, falou de suas lutas pessoais e conflitos de ordem íntima semelhantes aos que exatamente criticara no companheiro…

 Conversaram longamente, sem ninguém por perto para testemunhar o diálogo. 

 O amigo injuriado, que tinha tantas respostas na ponta da língua, que havia decorado o que dizer justamente para quando chegasse a hora inevitável daquele confronto, percebeu, segundo ele próprio me confidenciou, que ele também inutilmente perdera tempo… De repente, sentiu que não havia qualquer razão para o revide… Ambos haviam envelhecido naquela disputa que ninguém saberia identificar como teria começado.

 — “Chico — disse-me ele —, eu não tive vontade nenhuma de reagir; é verdade que ele se prevalecera de todas as artimanhas para me prejudicar, mas eu também mentalizara aquele momento, o dia em que, face a face comigo, ele se sentisse humilhado… 

 Ele estava tendo a grandeza de me pedir perdão; se eu não o perdoasse, ele estaria triunfando sobre mim… Eu nunca teria ido a ele; ele é que estava tomando a iniciativa de vir a mim… 

 Eu, que anelava fazer uma publicação no jornal, tornando pública aquela hora de retratação, não tive ânimo de contar isso a quem quer que fosse; você é a primeira pessoa que está sabendo — ele desencarnou há mais de um mês!… Hoje, sinto por ele uma afeição que não sei explicar. Reconheci que em muita coisa ele tinha razão a meu respeito…”

 Feliz daquele que, na hora de dar o troco, perde a vontade! 

Esses encontros com os nossos desafetos mais cedo ou mais tarde acontecerão; se não for nesta vida, será na Vida Espiritual. 

Os que nos perseguem, com razão ou sem razão, nos auxiliam a identificar o nosso próprio lugar…  Às vezes, nos é muito mais útil um adversário sincero que um amigo bajulador.
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Chico Xavier
O Evangelho de Chico Xavier 
— O próprio (Encarnado)
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MENSAGEM DO ESE:

O mandamento maior. Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam. Parábola dos credores e dos devedores

Os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca dos saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: — “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” — Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. — Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. (Idem, cap. VII, v. 12.)
Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (S. LUCAS, cap. VI, v. 31.)
O reino dos céus é comparável a um rei que quis tomar contas aos seus servidores. — Tendo começado a fazê-lo, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. — Mas, como não tinha meios de os pagar, mandou seu senhor que o vendessem a ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que lhe pertencesse, para pagamento da dívida. — O servidor, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Senhor, tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.” — Então, o senhor, tocado de compaixão, deixou-o ir e lhe perdoou a dívida. — Esse servidor, porém, ao sair, encontrando um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, o segurou pela goela e, quase a estrangulá-lo, dizia: “Paga o que me deves.” — O companheiro, lançando-se aos pés, o conjurava, dizendo: “Tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.” — Mas o outro não quis escutá-lo; foi-se e o mandou prender, par tê-lo preso até pagar o que lhe devia.

Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, foram, extremamente aflitos, e informaram o senhor de tudo o que acontecera. — Então, o senhor, tendo mandado vir à sua presença aquele servidor, lhe disse: “Mau servo, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque mo pediste. — Não estavas desde então no dever de também ter piedade do teu companheiro, como eu tivera de ti?” E o senhor, tomado de cólera, o entregou aos verdugos, para que o tivessem, até que ele pagasse tudo o que devia.

É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se não perdoardes, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houverem cometido contra cada um de vós. (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 23 a 35.)

“Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, itens 1 a 4.)
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Diante do tempo


Embora de passos vacilantes, a facear inúmeros obstáculos na jornada, é imperioso que prossigas caminhando.

Por mais ames a quem, rebelando-se contra a marcha, tome a decisão de não seguir à frente, a verdade é que, em solidariedade a ele, não podes e nem deves estacionar à margem.

A semente de trigo que germina e se transfigura em espiga não aguarda que as demais sementes plantadas ao seu lado tomem, igualmente, a decisão de germinar e florescer.

Para cumprir com a finalidade a que se destina, o fruto que amadurece na árvore não espera que os frutos que se dependuram no mesmo galho amadureçam também.

Jamais te esqueças de que diante da inexorabilidade do Tempo, que sempre atropela os indiferentes à sua ação vertiginosa, não avançar significa recuar.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli - do livro "Amai-vos uns aos outros")

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