sábado, 26 de junho de 2021

Comportamento e Vida


O fatalismo biológico, estabelecido mediante as conquistas pessoais de cada indivíduo, não é definitivo em relação à data da sua morte.

A longevidade como a brevidade da existência corporal, embora façam parte do programa adrede estabelecido para cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com o seu comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a sua preservação ou desgaste.

Necessitando de um período de tempo em cada existência física para realizar a aprendizagem evolutiva em cujo curso está inscrito, o Espírito tem meio para abreviar-lhe ou ampliar-lhe o ciclo, mediante os recursos de que dispõe e são facultados a todos.

É óbvio que o estróina desperdiça maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias aos equipamentos fisiológicos, do que o indivíduo prudente.

As ocorrências que lhes sucedem têm as suas causas no comportamento que se permitem.

Igualmente, a forma de desencarnar, sem fugir ao impositivo do destino que é de construção pessoal, resulta das experiências que são vividas. O homem imprevidente e precipitado, desrespeitador dos códigos de lei estabelecidos, torna-se fácil presa de infaustos acontecimentos, que ele mesmo se propicia como efeito da conduta arbitrária a que se entrega.

Acidentes, homicídios, intoxicações, desastres de vários tipos que arrebatam vidas, resultam da imprevidência, da irresponsabilidade, do orgulho dos que lhes são vítimas, na maioria das vezes e no maior número de acontecimentos.

Devendo aplicar a inteligência e a bondade como norma de conduta habitual, grande parte das criaturas prefere a arrogância, a discussão acesa, o desrespeito ao dever, a negligência, tornando-se, afinal, vítimas de si mesmas, suicidas indiretas.

Nos autocídios de ação prolongada ou imediata, a responsabilidade é total daqueles que tomam a decisão infeliz e a levam a cabo, inspirados ou não por Entidades perversas com as quais sintonizam.

Derrapando em comportamentos pessimistas a que se aferram, a atitudes agressivas nas quais se comprazem, na fixação de ideias tormentosas em que se demoram, em ambições desenfreadas e rebeldia sistemática, a etapa final, infelizmente, não pode ser outra. Com o gesto que supõem de libertação, tombam, por largos anos de dor, em mais cruel processo de recuperação e desespero, para que aprendam disciplina e submissão contra as quais antes se rebelaram.

Depreende-se, portanto, que o comportamento do homem a todo instante contribui de maneira rigorosa para a programação da sua vida.

São de duas classes as causas que influem na sua existência, dentro do determinismo da evolução humana: as próximas, desta reencarnação, na qual se movimenta, e as remotas, que procedem das ações pretéritas. Estas últimas estabeleceram já os impositivos de reparação a que o indivíduo não pode fugir, amenizando-os ou vencendo-os através de atuais ações do amor, que promovem quem as vitaliza e aquele a quem são dedicadas. As primeiras, no entanto, as da presente existência, vão gerando novos compromissos que, se negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação.

O tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a sexolatria, a glutoneria, entre outros fatores dissolventes e destrutivos, são de livre opção atual, não incursos no processo educativo de ninguém. Quem a qualquer deles se vincula, padecer-lhe-á, inexoravelmente, o efeito prejudicial, não se podendo queixar ou aguardar solução de emergência.

O tabagismo responde por cânceres de várias procedências, na língua, na boca, na laringe, por inúmeras afecções e enfermidades respiratórias, destacando-se o terrível enfisema pulmonar. Todo aquele que se lhe submete à dependência viciosa, está incurso, espontaneamente, nessa fatalidade destruidora, que não estava no seu programa e foi colocada por imprevidência ou presunção.

O alcoolismo é gerador de distúrbios orgânicos e psíquicos de inomináveis consequências, gerando desgraças que, de forma nenhuma, deveriam suceder. É ele o desencadeador da loucura, da depressão ou da agressividade, na área psíquica, sendo o responsável por distúrbios gástricos, renais e, principalmente, pela irreversível cirrose hepática. Seja através da aguardente popular ou do whisky elegante, a alcoolofilia dizima multidões que se lhe entregam espontaneamente.

A toxicomania desarticula as sutis engrenagens da mente e desagrega as moléculas do metabolismo orgânico, lesando vários órgãos e alucinando todos quantos se comprazem nas ilusões mórbidas que dizem viver, não obstante de breve duração. Iniciada a dependência que se fez espontânea, desdobram-se à frente longos anos, numa e noutra reencarnação, para que sejam reparados todos os danos que poderiam ter sido evitados quase sem esforço.

A sexolatria gera distonias emocionais, por conduzir o indivíduo ao reduto das sensações primitivas, retendo-o nas áreas do gozo insaciável, que o leva à exaustão, a terríveis frustrações na terceira idade, se a alcança, e a depressões sem conta pelo descalabro que desorganiza o corpo e perturba a mente. Além desses, são criados campos de dificuldade afetiva, de responsabilidade emocional com os parceiros utilizados, estabelecendo-se compromissos desditosos para o futuro.

A glutoneria, além de deformar a organização física, é agente de males que sobrecarregam o corpo produzindo contínuas disfunções gastrointestinais, dispepsias, acidez, ulcerações, alienando o homem que vive para comer, quando deveria, com equilíbrio, comer para viver.

São muitos os agentes dos infortúnios para o homem, que ele aceita no seu comportamento, afetando-lhe a vida. Entretanto, através de outras atitudes e conduta poderia preservá-la, prolongá-la, dar-lhe beleza, propiciando-lhe harmonia e felicidade.

Além de atingir aquele que elege esta ou aquela maneira de agir, os resultados alcançam os descendentes que, através das heranças transmissíveis, conforme as suas necessidades evolutivas, as experimentarão.

O comportamento do Espírito, no corpo ou fora dele, é responsável pela vida, contribuindo de maneira eficaz na sua programática, igualmente interferindo na conduta do grupo em que se movimenta e onde atua, como dos descendentes que de alguma forma se lhe vinculam.

As ações corretas prolongam a existência do corpo e promovem o equilíbrio da mente, enquanto as atribuladas e agressivas produzem o inverso.

Nunca será demasiado repetir-se que, assim como o homem pensa e age, edificará a sua existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido.
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Livro: Temas da Vida e da Morte
Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda
FEB – Federação Espírita Brasileira
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MENSAGEM DO ESE:

A paciência

A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu.

Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.

A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo.

— Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IX, item 7.)

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Ingratidão


Dentre os muitos inimigos morais do homem, a ingratidão assoma, relevante, na condição de filha dileta do egoísmo, que se nutre com as vérminas do orgulho.

A ingratidão estabelece síndromas de distúrbios comportamentais, que degeneram, a curto ou longo prazo, em problemas de alienação mental.

Nos dias hodiernos, a ingratidão toma corpo com muita facilidade, tornando-se elemento normal nas relações sociais, em lamentável agressão aos postulados éticos, quando não se tenha em conta a moral evangélica.

Filhos ingratos e genitores desleixados dos seus deveres, irmãos insensatos e cônjuges levianos, amigos desassisados pululam nas avenidas do mundo moderno, envergando roupagens de alto custo ou andrajos de miséria, igualados na mesma indigência espiritual.

Abençoa a mão que um dia se distendeu, generosa, no teu rumo, socorrendo-te e amparando-te.

Mesmo que ela, por acaso, se haja convertido em instrumento que te oferta o fel da amargura, recorda-te de quando te abençoou com a dádiva sem preço da misericórdia e da compreensão em que te apoiaste.

Da mesma forma que não é meritório fazer o bem e aguardar retribuição, não é justificável que se mutile a generosidade com as lâminas da ingratidão, em quem espalhou benefício.

Há pessoas que se acreditam somente credoras de receber ajuda, supondo-se privilegiados ante a vida, empanturradas de empáfia, fingindo ignorar a própria fragilidade.

Sorriem ante os que lhes estimulam as paixões dissolventes, demorando-se como belas flores de estufa, de vida breve, a nutrir-se do clima em que se consumirão.

São gentis, enquanto se locupletam, no entanto, afastam-se amargas e maledicentes da presença generosa de quem lhes foi devotado...

Censuram o benfeitor mediante alegações mesquinhas, justificando, com acusações, a própria enfermidade.

Aqueles por quem ora se entusiasmam, serão abandonados amanhã, com o mesmo ardor, logo não lhes posam ser úteis ou atendê-las nas suas exigências.

Não as censures, nem lhes concedas as tuas preocupações aumentando as dores que te ferem a alma.

Ora por elas, envolvendo-as de ternura. Elas estão equivocadas e despertarão um dia.

Prossegue ajudando quem te cruze o caminho, sem a preocupação de reter ninguém no teu círculo de afetividade.

O cristão autêntico não se faz compreender, ainda hoje, porém compreende sempre.

Seus pés sangram continuamente, porque a vida que escolheu é lição de progresso e libertação.

Mantém, na mente e no coração, o sentimento de gratidão por quem te auxilie. Desde que é dever socorrer e perdoar o inimigo, é muito mais justo permanecer fiel ao benfeitor e ao amigo.

Ninguém consegue o topo da subida, sem o primeiro passo, tanto quanto jamais alguém penetrará no insondável das realidades divinas sem a bênção do conhecimento haurido através da singeleza do alfabeto.

Por melhor que ora te encontres, por maiores que sejam os sinais do teu aparente progresso material, ignoras o amanhã...

E mesmo que sigas em contínua ascensão econômica e social, o crescimento moral tem regime de urgência e em todos estes campos não poderás negar a gratidão a quem, na tua hora de aspereza, concedeu-te o primeiro impulso, ofereceu-te mão generosa para que continuasses.

Não apenas os adversários, os invejosos e os políticos-religiosos infelizes fizeram-se os crucificadores de Jesus.

Foram, também, os amigos ingratos, os beneficiários reticentes, os companheiros moralmente dúbios...

Judas, que aparentava amá-lO, deixou-se enredar nos problemas que o perturbavam e, ingrato, O entregou...

Pedro, que Lhe era devotado, porém invigilante, tombando nas malhas de cruéis perturbações espirituais obsessivas O negou...

...E outros tantos que desapareceram, não Lhe ofertando amor ou fidelidade, carinho ou gratidão.

Muitos haviam sido aqueles a quem Ele ajudou; iluminou-os com a verdade e libertou-os dos males de vária procedência que os afligiam.

Sê grato, sempre, em qualquer circunstância, principalmente quando o teu companheiro gentil, se te apresente turbado ou triste, enfermo ou solitário, porquanto nesta fase é que ele necessita de amizade e não nos momentos em que pode doar, oferecer-se e amparar.

A gratidão, nascida da seiva do amor, é estrela que assinala cada alma na marcha da evolução, deixando sinais luminosos pelo caminho.
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FRANCO, Divaldo Pereira. Otimismo. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL

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