terça-feira, 18 de outubro de 2022

Diálogo imprevisto


 O devoto, ao ver Jesus em sonho, exclamou perplexo:

— Senhor! Senhor!… Há tanto tempo, aguardo este encontro e somente hoje…

 O Eterno Benfeitor valeu-se da reticência e indagou:

— Como assim, se ainda hoje fugiste de mim, quatro vezes, em tua própria casa?

E ante o devoto espantado, comentou brandamente:

— Quando te encolerizaste contra o avô que te exigia mais apreço, quando negaste apoio ao irmão perdulário que voltava a buscar-te em penúria, quando não perdoaste ao filho que te desacatou os pontos de vista e quando condenaste a filha que te menosprezou o nome e os conselhos, foi a mim que o fizeste.

 Diante do Mestre, observou o crente comovido:

— Senhor, que desejas dizer? Em que lição de tua bondade posso entender os ensinamentos a que me buscas o raciocínio?

 — Lembro-me de haver dito — falou Jesus que qualquer bênção doada pelos homens aos pequeninos seria sempre a mim que o fariam… 

— Mestre — anotou o devoto — eu não tenho pequeninos em casa…

 Jesus, porém, afagou as mãos do amigo que perguntava e explicou:

— Sim, teu avô, à frente do mundo é um homem de grandes posses dispondo de enorme influência, mas, por dentro do coração, é um menino faminto de atenções, a carregar dinheiro por permissão de Deus;  teu irmão é um companheiro dono de nobres conhecimentos, no domínio das palavras brilhantes, entretanto, nos recessos dele mesmo, é um petiz desajustado em matéria de impulsos afetivos;  teu filho é hoje um amigo de cérebro laureado pelas ciências da Terra, contudo, no imo de si próprio, é um pequenino sedento de fé e segurança, perante as Leis de Deus;  e tua filha, embora professora e mulher feita, perante as criaturas humanas, ainda é, no íntimo, verdadeira criança necessitada de proteção…

 — Senhor! Senhor!… gritou o crente, buscando alcançar Jesus, cuja figura se lhe fazia distante. Foi então que o devoto acordou na manhã repleta de sol e começou a pensar.

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Meimei
Chico Xavier
Obra: Amizade
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18 de outubro

Eu sou seu refúgio e sua força, uma ajuda presente em momentos de tristezas e preocupações. 

Aprenda a chamar por Mim, a se apoiar em Mim, a se abastecer em Mim, a colocar toda sua fé e confiança em Mim, para que suas dificuldades e problemas se dissolvam no nada. 

Há uma resposta perfeita para cada problema. 

Procure por ela e você a encontrará.

 Não perca tempo chafurdando em seus próprios problemas e sentindo autopiedade. 

Eleve-se acima de tudo isso. 

Agradeça pela resposta que está ao seu alcance a partir do momento em que você expande sua consciência e se aquieta para recebê-la e colocá-la em ação. 

Transforme-se através da renovação da sua mente. 

Você pode resolver qualquer problema simplesmente por saber que a resposta está ao seu alcance quando você se aquieta e procura por ela. 

Pare de correr em círculos, sem chegar a lugar nenhum. 

Chame por Mim.

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Abrindo Portas Interiores
Eileen Caddy
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MENSAGEM DO ESE:

Carregar sua cruz. Quem quiser salvar a vida, perdê-la-á

Bem ditosos sereis, quando os homens vos odiarem e separarem, quando vos tratarem injuriosamente, quando repelirem como mau o vosso nome, por causa do Filho do Homem. — Rejubilai nesse dia e ficai em transportes de alegria, porque grande recompensa vos está reservada no céu, visto que era assim que os pais deles tratavam os profetas. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 22 e 23.)

Chamando para perto de si o povo e os discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me; — porquanto, aquele que se quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará. — Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si mesmo? (S. MARCOS, cap. VIII, vv. 34 a 36; — S. LUCAS, cap. IX, vv. 23 a 25; — S. MATEUS, cap. X, vv. 38 e 39; — S. JOÃO, cap. XII, vv. 25 e 26.)

“Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no céu.” Podem traduzir-se assim essas verdades: “Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má-vontade para convosco, vos dêem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.”

Depois, acrescenta: “Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir”, isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando-me a mim, perderá as vantagens do reino dos céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas, aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: “Já recebestes a vossa recompensa.”
 
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, itens 17 a 19.)
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MEMÓRIAS


"Deve ser horrível - diz você - o escândalo em torno de nossa memória. O homem arrastado ao pelourinho do escárnio público e ao pasto da maledicência, deve ser uma fogueira de angústia para o coração acordado, além da morte".

Você tem razão.

A ave, em pleno céu, que se visse constrangida a voltar à casca do ovo, ou a árvore luxuriante que fosse obrigada a retornar para a cova de lodo, sofreriam menos que a alma desencarnada, sob a intimação de regresso às perigosas infantilidades da experiência humana.

Em tais circunstâncias, laços mais pesados nos religam o espírito, com mais intensidade, à gleba da carne, e a voz dos nossos julgadores, não raro, nos converte os ouvidos em receptores gigantescos para os quais convergem todos os apontamentos justos ou injustos de quantos nos apreciam a conduta e as decisões.

Você já pensou num homem, cujo corpo seja uma chaga viva, tangido violentamente por milhares de mãos descaridosas e rudes.

Esse é o símbolo pálido com que ousamos qualificar o suplício do infortunado que lega aos contemporâneos as recordações da própria viagem pela Terra, quando essas memórias se referem às situações que fazem o inferno dos seus semelhantes.

Fustigado por reclamações e acusações infindáveis, o morto vivo, com a infelicidade desse jaez, sofre golpes desapiedados, a torto e a direito, à maneira de um ferido na praça pública, visitado pelos sopapos e pelos impropérios de toda gente.

E você não calcula o que seja o martírio trazido pela impossibilidade de qualquer esclarecimento digno!

Falar ou escrever levianamente é expor-se a ouvir o pronunciamento da insensatez; e por mais que o delinquente do verbo falado ou da letra reprovável se proclame arrependido e diferente, mais a crueldade o toma de assalto, esbofeteando-lhe o rosto amarrotado e disforme, sem que lhe seja facultada a mínima frase de defesa.

Efetivamente, enquanto nos demoramos na carne, é impossível imaginar o que seja isso.

É o desespero impotente daquele que, em vão, deseja fazer-se compreendido, é a sede inestancável de entendimento, é o pranto amargurado de quem observa o incêndio no próprio lar, sem uma gota d'água para extinguir a chama destruidora.

A figura de Ugolino, o famoso chefe de Pisa, encarcerado na torre da fome, a devorar as vísceras mortas dos próprios filhos, e que foi encontrado por Dante nos recôncavos do Estige, é, de alguma sorte, a única imagem para o confronto analógico, nos casos a que nos reportamos, porque realmente ilhados na solidão de nós mesmos, entre o pesadelo e o remorso de não termos sido o que devíamos ser, somos obrigados a tragar os detritos de nossas próprias obras.

Creia você que, em verdade, tudo isso é terrível e doloroso, de vez que o arrependimento irremediável nos transforma em duendes infortunados, em aflitiva peregrinação.

Não admita, porém, que isso seja apenas lamentável privilégio de alguns.

Não é necessário fixarmos reminiscências da Terra, em bronze ou papel, para que a vida nos revele aos outros tais quais somos.

Trazemos conosco o arquivo que nos é próprio.

Sentimentos e ideias, palavras e ações são marcas em nossa alma.

Todos alcançaremos o plano em que nosso espírito é um livro aberto.

Intenções ocultas, interferência nos destinos alheios, assaltos disfarçados à felicidade do próximo, crimes consagrados pela admiração do mundo, misérias íntimas e desequilíbrios morais aparecem claramente, espantando a nós mesmos, que não suspeitávamos, de leve, da nossa própria degradação.

Você que conhece tão bem o assunto, cuide dos seus passos e vele pelo futuro de sua alma eterna, porque a existência, meu caro, seja onde for, é sempre um livro que o nosso coração anda escrevendo.

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Irmão X
Chico Xavier
Obra: Sentinelas da luz
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O GRANDE SERVIDOR


“Eu estou entre vós como quem serve.” — JESUS (Lucas, 22.27)

Sim, o Cristo não passou entre os homens como quem impõe.

Nem como quem determina.
Nem como quem governa.
Nem como quem manda.

Caminhou na Terra à feição do servidor.

Legou-nos o Evangelho da vida, escrevendo-lhe a epopeia no coração das criaturas.

Mestre, tomou o próprio coração para sua cátedra.

Enviado Celestial, não se detém num trono terrestre e aproxima-se da multidão para auxiliá-la.

Fundador da Boa Nova, não se limita a tecer-lhe a coroa com palavras estudadas, mas estende-a e consolida-lhe os valores com as próprias mãos.

A prática é o seu modo de convencer.

O próprio sacrifício é o seu método de transformar.

Aprendamos com o Divino Mestre a ciência da renovação pelo bem. E modificar a nós mesmos, para a vitória do bem, elevando pessoas e melhorando situações, é servir sempre, como quem sabe que fazer é o melhor processo de aconselhar.

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Emmanuel
Chico Xavier
Segue-me, cap. 41
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2 comentários:

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