quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Ensaio de compaixão


 E fiquei a pensar, indagando de mim própria quanto ao motivo de analisar, com tanta volúpia, os defeitos alheios…

 Se notícias de um delito espetacular me alcançassem os ouvidos, fixava-me na busca de pormenores da ocorrência, a fim de desenhar na memória a figura do agressor;

 se algum problema de sovinice me viesse ao conhecimento, procurava as causas do desajuste para reprovar intimamente quem estivesse cultivando a cobiça;

 se algum desequilíbrio emotivo aparecesse, alterando negativamente essa ou aquela pessoa, empenhava-me a conhecer o portador de semelhante irregularidade, de modo a evitar-lhe a presença;

 se algum distúrbio, surgisse, complicando grupos sociais, mentalizava-lhe as origens, para censurar aqueles que o provocassem prejudicando o caminho de muita gente.

 — Por que — perguntava a mim mesma — essa inclinação para condenar instintivamente os outros, sem a menor consideração? Por que me arraigar no mal se conhecia a estrada do bem?

 Foi quando um mentor amigo acorreu em meu socorro e observou:

— Filha, o aperfeiçoamento é a obra de muito esforço em longo tempo. Já passei pelo hábito das indagações inúteis e só consegui a superação desejada, colocando-me no lugar dos irmãos que supomos errados.

 E prosseguiu, depois de pequeno intervalo:

— Qual seria o seu comportamento, se visse o assassinato de um filho, sob os seus próprios olhos?

 Como reagiria você perante uma filha que trocasse a tranquilidade do lar pelas aventuras infelizes?

Como procederia você, a fim de proteger vários filhos pequeninos com o esposo em penúria, dentro de longo período de hospitalização?

 E se um obsessor com larga força de afinidade sobre o seu psiquismo, a induzisse, através de hipnoses reiteradas à degradação de si própria, o que faria?

 Ante o meu silêncio, o amigo aditou:

— Pensemos por nós mesmos. Certamente as Leis de Deus nos concedem facilidades para julgar as nódoas alheias, a fim de observarmos as nossas próprias fraquezas, aprendendo compreensão e misericórdia, de maneira a nos corrigir sem exercícios difíceis de suportar…

O instrutor despediu-se, sorrindo, e concluí que, pela Bondade do Senhor, ali tivera, no chamado “Mais Além”, o meu primeiro ensaio de compaixão.

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Meimei
Chico Xavier
Obra: Esperança e vida
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11 de janeiro

São muitos os caminhos, mas a meta é uma só.

Para atingir essa meta existem caminhos fáceis e caminhos difíceis.

Existe a estrada reta e a estrada sinuosa que passa por muitos atalhos antes de chegar lá.

A escolha é sempre do indivíduo.

Você é absolutamente livre para escolher seu próprio caminho.

Portanto, procure e siga o seu, mesmo que no fim você perceba que desperdiçou tempo seguindo pela estrada sinuosa quando poderia facilmente ter tomado a estrada reta.

Você sabe para onde está indo e o que está fazendo?

Você sabe que está no lugar certo e em paz consigo mesmo?

É importante que você questione o seu coração e descubra, porque você não pode dar o melhor de si mesmo se você não estiver no seu lugar certo, fazendo com alegria e amor o que você sabe que deveria estar fazendo.

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Abrindo Portas Interiores
Eileen Caddy
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MENSAGEM DO ESE:

A ingratidão dos filhos e os laços de família (II)

Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro.

Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.

Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo. Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.

Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranqüila a consciência. À amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor.

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(Cap. XIII, nº 19.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9.)
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NÃO TE EXPONHAS



Evita compromissos que te induzam à ruptura com os princípios que te norteiam os passos na vida.

Não empenhes a tua palavra no que não possas ou não devas cumprir.

Se já possuis o hábito de pensar antes de tomar uma decisão, pensa de novo no que pretendes fazer.

Nem sempre poderás voltar atrás de imediato, no caminho em que te embrenhas.

Diminutas concessões à invigilância são mais que suficientes para que a mente se vincule à sugestão sistemática das trevas.

Não te suponhas forte o bastante para desafiar o perigo que te espreita os menores movimentos.

Resiste à tentação como quem sabe que a ela poderá sucumbir, atraiçoado por si mesmo.

Os que avançam com cuidado e prudência são os que menos tropeçam e caem.

Em qualquer situação delicada, considera, pois, a hipótese de tua fragilidade e não te exponhas a ela sem o concurso da prece.

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Irmão José
Carlos Baccelli
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Os benefícios da humildade


A humildade é uma virtude relacionada ao reconhecimento de nossas limitações.

Embora poucos saibamos, não se trata de virtude estudada apenas nos campos da religiosidade e da filosofia.

Estudos existem a seu respeito, no campo científico.

Pesquisas, no âmbito da educação, demonstram que a humildade promove bem-estar físico, psicológico, social e espiritual para aquele que a desenvolve.

Isso porque ela proporciona alívio nas preocupações e no sentimento de vulnerabilidade.

Também gera uma diminuição da ansiedade, da depressão e das fobias sociais.

Afirmam esses estudos que essa virtude está relacionada à sabedoria que temos de que não possuímos todo o conhecimento.

Esse reconhecimento nos possibilita a compreensão das nossas limitações.

Não se trata, no entanto, de uma virtude passiva. Ao contrário, é ativa, pois ao reconhecermos que não sabemos tudo, nos colocamos em uma postura de querer e buscar novos conhecimentos.

Segundo os pesquisadores, no campo educacional, a humildade, quando estimulada nos alunos, permite que eles queiram sempre aprender mais, posto que são sabedores das limitações de seus conhecimentos.

Ao reconhecer suas debilidades, se posicionam desejando a própria melhoria e desenvolvimento.

Igualmente há reflexo na relação com seus professores, desde que se dispõem a uma maior aceitação dos ensinos que lhes são transmitidos.

Identificando nos professores aqueles que podem repassar novos conhecimentos, gera uma relação de maior respeito e reciprocidade.

Por sua vez, pesquisas no campo da psicologia demonstram que a prática da humildade facilita o desenvolvimento da compaixão, do perdão, do respeito e da autoestima.

E, por possibilitar o surgimento desses bons sentimentos, ela inibe o desenvolvimento da arrogância, do narcisismo e do orgulho.

Façamos um breve intervalo e nos questionemos se já desenvolvemos em nós a humildade. Ou se precisamos investir nisso.

Iniciemos revendo nossos comportamentos e atitudes.

Temos consciência de que não somos os que sabemos tudo a respeito de tudo?

Em síntese: Sabemos reconhecer nossas limitações nas diversas áreas do saber, do conhecimento?

Somos daqueles que nos colocamos como os que criticam os demais pelo uso incorreto da fala, da escrita, do que apresentam como suas conquistas pessoais?

Ou somos os que nos apresentamos dispostos a querer saber mais, a aprofundar nossos estudos, a aprender com o outro?

O nosso exercício para o desenvolvimento da humildade deve iniciar, no campo mais propício e, ao mesmo tempo, promissor: nosso lar.

Podemos nos dispor a aprender a cozinhar, arrumar uma mesa, passar a nossa roupa.

Podemos aprender um pouco de jardinagem, desde como plantar de forma adequada a semente, aos cuidados com a rega, com a poda.

Quanto bem-estar podemos promover em nossa família a partir de um comportamento mais humilde.

Depois, podemos ampliar o exercício dessa virtude para nossas relações sociais e de trabalho.

Que tal iniciarmos esses exercícios neste dia?

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por Momento Espírita
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A humildade e a esperança: fatores de resiliência na práxis humana?, de Joana Freitas e Maria Helena Martins, da Revista Omnia, abril 2015.
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